Ninguém dispensa um copo de vinho a acompanhar uma boa refeição. Ele é de importância decisiva no êxito de uma refeição e proporciona óptimos momentos a quem o aprecia. Mas será que sabe mesmo descobrir e saborear um bom vinho?
Não se assuste com esta introdução. Não vamos falar aqui de enólogos, embora essa profissão seja importantíssima no campo dos vinhos, mas apenas da forma como uma simples apreciadora de vinho se pode tornar uma especialista na matéria, não deixando envergonhado nenhum mestre.
Portugal é o sétimo país produtor mundial de vinho e como tal tem uma tradição riquíssima em vinhos. Os produtos vínicolas portugueses podem dividir-se em três grandes grupos: os vinhos de consumo, os vinhos especiais, onde se incluem os licores, espumantes e aromatizantes e as aguardentes.
Quando ouvir a expressão região demarcada ou denominação de origem, termo menos usado no nosso país, significa que se está a falar daquilo que, na essência, caracteriza o vinho, seja a casta das uvas com que é produzido, o tipo de solo das videiras, o clima, o processo de cultura, vinificação, etc.
Em Portugal estas regiões são:
- o Douro, região demarcada desde 1756 onde se incluem vinhos tintos, brancos e o famoso vinho licoroso do Porto;
- a Madeira, sendo que a vinha foi uma das primeiras culturas introduzidas na ilha;
- Carcavelos, que actualmente é produzido em pequenas quantidades apenas por um produtor;
- Setúbal, com a área a que tradicionalmente se chama de ‘os três castelos’ (Palmela, Sesimbra, Setúbal);
- Entre Douro e Minho, terra generosa para os vinhos verdes naturalmente gasosos;
- Dão, os vinhos que provavelmente são sujeitos ao maior controlo de genuinidade;
- Bucelas, onde apenas os vinhos brancos têm designação de origem, embora sejam produzidos também tintos;
- Colares, célebres pelas suas vinhas cultivadas em chão de areia;
- Bairrada, cujos brancos são muito utilizados para fabricar espumantes naturais
- o Algarve, dividida em sub-regiões. Isto não significa que outras zonas do país não produzam excelentes vinhos, o que acontece é que não estão ainda em regiões demarcadas.
Regressando à apreciação do vinho, é necessário ter em conta alguns factores, quase que poderemos apelidar de ritual para degustar o vinho. Quando este é servido na garrafa original, a primeira atenção, embora discreta, deverá ir para a garrafa, onde estão as informações vitais sobre a bebida. Depois de vertido no copo, é altura para lhe apreciar a cor e o aspecto geral. Deve aspirar o aroma, que se faz revelar enquanto gira docemente o copo entre os dedos.
Nos aromas pode destacar-se o bouquet, o aroma que resulta da combinação das diferentes essências no decurso da evolução do vinho. Se o vinho for bom destacar-se-á o aroma a flores, a frutos etc., e nos maus a rolha, o mofo, a terra, enxofre, etc.
Quando for provar o vinho, tome apenas um pequeno gole, e se desejar pode beber um segundo, após uma pequena pausa. Se quiser preparar melhor o paladar, pode mastigar um pedacinho de pão. O paladar revela o tipo de vinho quanto à sua doçura: brutos (termo que se aplica apenas aos espumantes), extra-secos, secos, doces , muito doces e ajeropigados. Existem ainda termos relativos à adstringência: macios, suaves, aveludados ou redondos, ásperos, duros; à acidez, insípidos, frescos acidulados e ácidos e quanto ao corpo.
Este termo representa a sensação de enchimento e a natureza alcoólica do vinho perante o paladar e podem ser pouco ou muito encorpados.
Depois desta ligeira lição, já nada tem a recear ao participar numa conversa acerca do vinho, mas quanto a esta bebida, o melhor é mesmo menos conversa e mais apreciação.