As castanhas são um fruto nobre com grande importância na subsistência das populações em tempos idos e surgindo hoje como ingrediente principal em pratos da cozinha tradicional portuguesa.
Muito mais do um saboroso e quentinho snack, tradicional dos meses de Outubro e Novembro quando o Inverno e os primeiros frios chegam timidamente, este fruto do castanheiro tem um papel importante transversal em toda a cultura portuguesa que merece ser destacado.
O caniço ainda hoje pode ser encontrado no fundo da cozinha em algumas casas mais antigas. Nas casa mais abastadas, entre os diversos utensílios agrícolas pode ser quen ainda existam as botas ferradas usadas pelos homens no trabalho com as castanhas. E o caludo, aquela sobremesa feita de castanhas? É um mundo a descobrir que começa no Castanheiro.
O castanheiro
O castanheiro é uma árvore da família das castanáceas ou fagáceas, autóctone da Europa Meridional, Argélia e Ásia Menor que abunda em Portugal desde tempos muito remotos.
Com um tronco grosso e copa larga, pode atingir 25 a 30 metros de altura, chegando a encontrar-se alguns cujo tronco atinge um perímetro com mais de 10 metros.
Os Celtiberos veneraram o castanheiro como divindade benigna e mais tarde, na chancelaria de D. Afonso III, em 1269 é referida a castanha como elemento central na mesa. ‘E toda reytera que quer casa de sua uenda eu sa casa manteiga, azeite, mel, vinagre, e castanhae nozes…’
O castanheiro foi sempre sinónimo de fartura e riqueza.
Dele eram feitas as mobílias das casas, as masseiras, os teares. Era do castanheiro que se faziam as portas e janelas, os soalhos e os tectos.
Durante muitos anos chamou-se ao castanheiro `o ferro de Portugal’ e dele se diz ainda ‘300 a crescer, 300 a ser e 300 a morrer’, ditado que se refere à sua longevidade.
A Castanha
A castanha foi durante muitos séculos o alimento fundamental da região transmontana e beirã pelo seu grande teor nutritivo.
Sob o ponto de vista medicinal, a castanha é usada como adstringente no tratamentode enterites.
Antigamente, a apanha da castanha era uma ocupação que dava trabalho a muita gente.
No final da época, nas famílias mais pobres ou simplesmente como tradição, praticava-se o ‘rebusco’, quando os rapazes e as raparigas iam à procura de algumas castanhas que tinham ficado nos soutos depois da apanha.
Os jovens, após o rebusco, juntavam-se e faziam fogueiras onde assavam e comiam as castanhas directamente das brasas, num convívio de magusto. Era tradição pedir aos mais ingénuos para irem molhar o vassouro para apagarem a fogueira, enquando os mais velhos comiam as ultimas castanhas.
As castanhas fritas
Se apenas conhece as tradicionais castanhas assadas, fique a saber que estas também podem ser fritas. Basta um corte em cada castanha, colocar na frigideira ao lume com bastante óleo e quando este estiver bem quente deitar as castanhas e deixar fritar alguns minutos, descascando-as depois.
As castanhas piladas
Nas casas particulares as castanhas eram conservadas pelo método de pilagem.
Nas cozinhas de pedra, junto à lareira, eram colocados os caniços feitos com tábuas estreitas ou canas, um pouco separadas umas das outras, onde se colocavam as castanhas para serem secas pelo calor lareira.
Depois de secas, cabia aos homens, com botas bem ferradas o trabalho de as descascar, caminhando sobre elas de um lado para o outro quebravam-lhes a casca.
Depois de limpas, eram colocadas em cestos para conservar.
O caludo
Com as castanhas piladas confeccionava-se o gostoso ‘caludo’, uma sobremesa de alto valor nutritivo, muitas vezes usada como refeição principal. Pode ver aqui a receita do tradicional caludo.
Agora que conhece este fruto e a sua origem, descubra as festas e os pratos da gastronomia que celebram toda uma tradição.
Conheça a receita do caludo: