A evolução dos hábitos de leitura dos portugueses

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Os hábitos de leitura dos portugueses
Os hábitos de leitura dos portugueses

Ler é sempre um prazer, e os hábitos de leitura dos portugueses têm evoluído de forma muito positiva. A adaptação das livrarias às exigências do público é talvez o principal incentivo.

Os hábitos de leitura dos portugueses

Livros de bolso, de cabeceira, livros de consulta e livros de fotografia. Banda desenhada, humor, tecnologia e ficção. Em português, em inglês, em tantas outras línguas… O livro deixou de ser apenas um livro, graças à evolução da literatura para um espaço cada vez maior de liberdade e diversidade. E as livrarias têm vindo a adaptar-se, lentamente, e vão deixando de ser aquele espaço austero, arrumado e sombrio de livros alinhados em estantes, acessíveis apenas a quem os pode pagar.

Os livros continuam a ser caros, isso é certo, mas a verdade é que cada vez mais o acto de comprar um livro é comum, não é um esforço nem tão pouco é encarado como um enorme sacrifício financeiro, muito menos como um desperdício. É que cada vez mais vale a pena comprar livros.

Temos mais por onde escolher, leituras para todos os gostos, para todos os preços, para todos os bolsos e cabeceiras. E cada vez mais os espaços onde os encontramos são mais acolhedores, mais convidativos, proporcionam-nos uma maior vontade de ler, de consultar, ou mesmo de folhear sem ter de comprar.

Apesar de não terem hábitos de leitura dos portugueses – 56%, de acordo com as estatísticas – continuam a abrir no nosso país, e com sucesso, espaços como a Fnac. Grandes espaços onde os livros estão ao alcance de qualquer pessoa, a dois passos de um confortável sofá onde nos podemos sentar a folhear as obras que escolhemos.

Um café e um auditório, espaços que promovem a interactividade entre o público e os artistas – escritores e não só. Um espaço que reúne várias formas de arte e as disponibiliza para que as conheçamos, nos habituemos a elas e progressivamente sintamos vontade de as consumir. Livros, música, cinema e até as mais novas tecnologias estão ali à espera que nos aproximemos. E a verdade é que nos temos vindo a aproximar cada vez mais.

A evolução dos hábitos de leitura dos portugueses

Em Maio de 1997, cerca de 60% dos portugueses não tinham o hábito de comprar livros e a grande maioria dos livros lidos eram manuais escolares e livros técnicos. No entanto, esses números tendem a modificar-se. Os livros deixaram de ser objectos decorativos, daqueles que escolhemos de acordo com a cor da capa e os enfeites de lombada para enfeitar a estante lá de casa.

Agora as livrarias dão-nos a oportunidade de ler e conhecer cada um deles, de decidir acerca daqueles que verdadeiramente nos interessam e que já nem sequer têm capa dura ou lombadas douradas. Agora compramos porque temos a certeza que gostamos. E quando gostamos mesmo, nem achamos que o preço seja assim tão elevado…

A quantidade e a diversidade também apelam ao consumo. Livrarias de grande superfície têm em nós o efeito de um hipermercado. Muita oferta acaba por resultar em muito consumo, e o facto de termos muito por onde escolher permite que escolhamos cada vez melhor. Actualmente todas as livrarias se encontram divididas por secções de interesse, o que nos permite mais facilmente ir de encontro àquilo que realmente nos interessa.

E as secções vão sendo cada vez mais diversas e mais específicas. Exemplos disso são livrarias como a Bertrand, a Arco-Íris ou a Ponto de Encontro, onde é facílimo encontrar o que pretendemos e descobrir novos interesses. Podemos circular livremente, mexer nos livros e deambular pelas estantes sem que tenhamos um vendedor empenhado em transformar a nossa visita num suplício – esse tempo já passou, e ainda bem.

A proliferação de livrarias especializadas é também outro ponto a favor do consumo de literatura. Se, antigamente, encontrar um livro técnico ou um manual de qualquer tema era uma autêntica odisseia de encomendas, preços acrescidos e tempo de espera, hoje em dia os livreiros já fazem esse trabalho por nós e existem locais onde encontramos apenas aquele tipo de livros que não se vende, geralmente, nas livrarias convencionais.

A livraria Espiral é talvez um dos melhores exemplos disso na cidade de Lisboa. Trata-se de uma livraria exclusivamente dedicada à comercialização de livros portugueses e estrangeiros sobre assuntos esotéricos, novas terapias, ciências ocultas e modos de vida alternativos. A acompanhar a livraria, a Espiral tem um restaurante vegetariano e macrobiótico e um espaço onde decorrem aulas e ciclos de conferências dedicados à prática de terapias alternativas, Yoga, Chi Kung, e muitas outras actividades dentro do género.

Temos ainda a tecnologia a nosso favor e podemos deambular pelo catálogo de uma livraria sem sair de casa, fazer as encomendas on-line e receber os livros em casa. Cerca de 35% dos leitores portugueses já recorrem a este método. A Amazon.com é a maior livraria do mundo…. e funciona exclusivamente assim. Por cá, temos a LeyaOnline.pt – vários milhares de títulos em português, entregues em nossa casa em menos de uma semana.

O comércio de livros está a evoluir a nosso favor, está a incentivar cada vez mais os hábitos de leitura dos portugueses e a contribuir para uma mudança de mentalidade por parte do público. Hoje em dia já não vamos a uma livraria só quando precisamos, ou quando procuramos um presente para alguém. Visitar uma livraria é tão normal como entrar numa loja de pronto a vestir ou apreciar as montras de um centro comercial. Compramos mais de acordo com o impulso do momento e saboreamos cada livro de uma forma diferente.

A partir desta semana, a Mulher Portuguesa vai também procurar contribuir no sentido de incentivar os hábitos de leitura dos portugueses e apresentar-lhe algumas agradáveis sugestões de leitura.

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