Lila, uma mulher contra o fanatismo de Marek Halter da Bizâncio.
Eu não posso estar com os que atiram pedras às mulheres e às crianças. Está para além das minhas forças. Para além do meu amor por Esdras. Para além do meu respeito por Deus.
Lila
Em 397 a.C., em Susa, a opulenta capital do Império persa onde o povo judeu vive em exílio, a jovem Lila está prometida à felicidade: deve desposar Antinoe, brilhante guerreiro persa e familiar da corte do rei.
Mas Esdras, seu irmão bem-amado, seu cúmplice de sempre, opõe-se a esse casamento com um estrangeiro. Se Lila se obstinar, deverá esquecê-lo. Ela não consegue. Pressente que o seu irmão Esdras foi designado por Deus, para conduzir os judeus exilados para Jerusalém e dar vida às leis de Moisés para lá das regiões e dos séculos.
Leis que defendem a mais bela ideia de justiça e que conferem um sentido ao destino dos homens. Perante este facto, quanto pesa o amor por Antinoés? Abandonando as promessas de um futuro dourado, Lila arrasta o irmão rumo a Jerusalém e possibilita a incrível esperança do regresso à Terra Prometida.
Infelizmente, cego pela sua fé, Esdras ordena o repúdio das esposas estrangeiras. Arriscando-se a perder a única pessoa que lhe resta, Lila opõe-se ao fanatismo do irmão e organiza a sobrevivência das mulheres e das crianças condenadas a abandonar a cidade.
Com Lila termina a trilogia de As Mulheres da Bíblia. Perante Deus, Sara, a esposa estéril de Abraão, carregava com todo o seu destino individual; Séfora, esposa de Moisés, lutava contra o racismo e o ostracismo; ao combater o extremismo religioso, do qual as mulheres são as primeiras vítimas, Lila defende uma ideia magnífica da dignidade.