Psicoterapia, quando a infelicidade se torna uma rotina

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Psicoterapia, quando a infelicidade se torna uma rotina
Psicoterapia, quando a infelicidade se torna uma rotina

Recorrer a um profissional de Psicoterapia que ajude a ultrapassar as dores da alma, ou as dificuldades com que se vive, pode ser um passo importante na vida de qualquer pessoa.

Por vezes é uma decisão precipitada, outras ponderada, outras ainda, recomendada por alguém que nos é próximo e já não sabe bem como ajudar.

A Psicoterapia

Em alguns países, faz parte dos hábitos das pessoas que procuram o auto-conhecimento como forma de optimizar os seus potenciais, noutros é também uma questão de moda, que reflete muito do isolamento afetivo em que vivem.

Em Portugal as pessoas normalmente recorrem à psicoterapia quando não se sentem bem, quando estão infelizes e já tentaram durante algum, às vezes muito tempo, e de várias maneiras, encontrar a saída que lhes devolva a felicidade e o bem estar perdido.

Apesar de hoje já não ser tão perjurativo consultar um técnico da área, existem ainda alguns pudores em fazê-lo. Creio que à medida que se compreende o trabalho realizado com estes profissionais, se tenderá a desmistificar a questão, e a facilitar o pedido de ajuda de quem de facto beneficia com estas intervenções.

Não sou apologista da consulta ou do tratamento em cada curva mais complicada da vida, mas sim da procura de ajuda quando se esgotam as estratégias, e não se sabe como sair de algum “beco” mais difícil; ou quando se sabe, mas a tarefa é demasiado penosa para se fazer a sós e saberá bem ter alguém treinado especificamente para o efeito, que pode orientar e acompanhar, abreviando o sofrimento, o tempo de luta e alguns erros.

Outras vezes acontece as pessoas sentirem-se infelizes sem terem uma boa ideia do que lhes produz esse estado de alma; também aqui o psicoterapeuta pode ser uma pessoa habilitada para ajudar na descoberta dos meandros internos e auxiliar a descodificar os sinais dados pelo desconforto.

Em suma a psicoterapia faz sentido quando a infelicidade se torna uma rotina.

Procurar ajuda também significa ser capaz de compreender e aceitar que existem dificuldades, e isso nem sempre é fácil. Reconhecer as fragilidades ou a incapacidade para sair sózinho de uma situação pode ser difícil para algumas pessoas, tanto mais que a sociedade apesar de mais esclarecida, por vezes ainda tende a considerar que quem recorre ao apoio profissional ou é “fraco”, ou está muito perturbado, ou está sózinho, ou outras coisas pouco simpáticas.

A psicoterapia é uma intervenção feita na relação com um profissional que ajuda a pessoa a compreender e a ultrapassar as dificuldades sentidas. A maior parte das vezes não é um processo doce, na medida em que as pessoas vão debruçar-se exactamente, sobre o que não está bem, sobre o que provoca sofrimento, de modo a encontrar formas de viver mais felizes.

Falar do que não vai bem e procurar encontrar caminhos novos pode ser difícil, mas no contexto de uma boa relação terapêutica é bastante mais simples, que empreender esse trabalho sozinho.

Algumas pessoas questionam-se se serão capazes de conversar com um “estranho” sobre as suas coisas mais pessoais e intímas. Por vezes parece realmente difícil, no entanto, o psicoterapeuta é uma pessoa com quem se estabelece uma relação e com quem as dificuldades podem (e devem) sempre ser discutidas. Ao fim de algum tempo, ele já não é mais um estranho; é alguém que está ao lado a trabalhar, em equipa, para resolver os problemas.

A psicoterapia faz todo o sentido quando as pessoas vivem tristes, quando sentem dificuldades em ultrapassar alguma situação da vida, quando estão descontentes com as suas atitudes, quando têm dificuldades na relação consigo próprio ou com os outros, quando têm medos que perturbam o seu dia-a-dia, quando se vive uma crise existencial, ou se tem muitas dúvidas sobre o caminho a seguir, quando as situações desagradáveis se repetem ao longo dos tempos, quando se encalha nas mesmas dificuldades continuamente, quando se sente um tédio paralisante, e até quando o corpo adoece.

Em Portugal existem já muitas correntes terapêuticas e obviamente muitos profissionais com intervenções diferenciadas. Antes da pessoa se decidir, poderá procurar conhecer as várias possibilidades que existem e informar-se sobre os procedimentos e a duração habitual desses processos. Deverá fornecer-se acima de tudo de uma boa vontade em mudar.

A duração dos processos terapêuticos é muito variável, pois, entre outras aspectos, depende muito da técnica escolhida, do grau de aprofundamento exigido para a resolução dos problemas, da motivação e vontade que se tem para resolver as dificuldades.

Fazer uma psicoterapia é encontrar uma boa companhia, que ajuda a pessoa a sintonizar-se consigo própria, descobrindo os trilhos pessoais que conduzem ao bem estar. Acima de tudo faz sentido que se procure ajuda, quando o sofrimento ou o desalento é muito grande, ou já dura à demasiado tempo; mas a condição essencial é o desejo genuíno de resolver as dificuldades e de viver melhor.

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