A anorexia nervosa surge por vários motivos e pode ser detectada por pequenos sinais reveladores. Quem nunca se olhou no espelho e pensou que precisava de uma dietazinha, que atire a primeira pedra.
Anorexia nervosa
Ana tinha 13 anos e andava no oitavo ano. Achava-se um pouco gorda e, por isso, decidiu fazer uma dieta. Mas o que começou como uma brincadeira acabou mal.
Passado um ano, de tão magra que estava, parecia um esqueleto. Mas ela continuava a achar-se gorda. Os pais levaram-na ao médico. Diagnóstico: Anorexia Nervosa. Começou o tratamento, supervisionado pelo médico, e conseguiu engordar uns poucos quilos.
Entretanto, o Verão passou e regressou à escola. Ana começou, de novo, a olhar para as colegas e a comparar-se com elas. Deixou de comer mais uma vez… Teve, então, que ser mesmo internada. Tinha 14 anos, 32 Kg e 1,60m. Sobreviveu…
Esta é uma história de ficção… Será mesmo?
Quem nunca se olhou no espelho e pensou que precisava de uma dietazinha, que atire a primeira pedra… Todas nós já o fizemos uma ou outra vez. Mas se umas ultrapassam bem esta situação, outras ficam marcadas para o resto da vida…
Por entre os corredores e pátios das escolas secundárias é frequente circularem, entre amigas, dietas das mais estranhas possíveis: dieta da sopa, dieta dos ovos e dos tomates, etc. Parecem estúpidas, mas há mesmo quem as siga à letra.
Porquê? Por se acharem gordas… Na adolescência fazer parte de um grupo é o nosso maior desejo. Tudo o que foge à normalidade é posto de lado. E a gordura, na nossa sociedade, não é vista com bons olhos.
A mulher ideal surge-nos a cada passo que damos: inteligente, bonita, carinhosa, independente, MAGRA. Sim, é ela que vemos na televisão, nas passagens de modelos, nas revistas, no cinema… É esta a mulher de sucesso. E perguntamo-nos porque é que não somos como ela…
Anorexia nervosa
Mas serão os meios de comunicação e a indústria da moda os únicos responsáveis pelos casos de anorexia? Com certeza que não são o único bode expiatório.
As causas são difíceis de apontar mas relações familiares desequilibradas, sentimento de incapacidade, insegurança, ansiedade, são também alguns dos factores que podem contribuir para que uma jovem desenvolva a doença.
Numa altura da vida em que tudo parece fugir do nosso controle, o peso é a única coisa que se encontra ao nosso alcance. Daí até se tornar uma obsessão não é preciso muito. O que se passa, depois, é que é o peso que nos passa a controlar.
Brinca-se com a comida, usa-se roupa larga, esconde-se o problema dos pais e dos amigos. O problema… Qual problema? Para as anoréxicas o problema é mesmo a gordura a mais e que não desaparece por mais dietas que se faça.
Uma imagem distorcida no espelho
Olham-se ao espelho e não veem a jovem desnutrida, débil e doente mas sim, a jovem gorda e deformada. É difícil fazê-las mudar de opinião.
A anorexia, como doença do foro psicológico, não se cura de um dia para o outro. Não é só um problema de desnutrição. É muito mais profundo. E, muitas vezes, as marcas não desaparecem.
Reconhecer que se tem um problema e que se precisa de ajuda, são passos fundamentais para a cura de uma anoréxica. E isto demora o seu tempo. Anos, geralmente.
Mas, nem sempre, os médicos actuam a tempo. A morte por inanição é a última consequência desta doença. Morrer por se querer ser magra… Não faz sentido, mas é uma crua realidade.
A anorexia nervosa é mais frequente do que se pensa. E se as jovens adolescentes constituem o principal grupo de risco, os rapazes e os adultos também não escapam. Por isso, nunca é demais ficar atento…
Critérios de diagnóstico da anorexia nervosa
De entre os principais critérios de diagnóstico da anorexia nervosa encontramos:
- Recusa em manter o peso corporal minimamente normal para a idade e altura – perda de, pelo menos, 15% do peso
- Medo de aumentar de peso, mesmo quando está magra
- Deformação da imagem do corpo
- Amenorreia – ausência de período menstrual – durante, pelo menos, 3 ciclos consecutivos
- A doente pode apresentar comportamentos bulímicos (anorexia tipo ingestão compulsiva/purgativo) ou não (anorexia de tipo restritivo).
Critérios de diagnóstico da bulimia nervosa:
- Episódios consecutivos de compulsão alimentar caracterizados por: comer, em pouco tempo, uma quantidade de alimentos superior ao normal
- Um sentimento de impotência (de descontrolo) sobre o acto de comer
- Comportamentos compensatórios como os vómitos provocados; abuso de laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos; jejuns e exercício físico excessivo
- Este tipo de comportamentos ocorrem, pelo menos, 2 vezes por semana em 3 meses consecutivos
Imagem negativa do corpo
A bulimia não ocorre, exclusivamente, associada à anorexia nervosa. Pode ser de tipo purgativo quando a pessoa induz regularmente o vómito ou usa laxantes, diuréticos ou enemas, ou de tipo não-purgativo quando a doente recorre a outros métodos compensatórios, como o jejum ou o exercício físico excessivo.
Sinais de alarme:
- Emagrecer de repente
- Ficar obcecado com a comida
- Pesar-se frequentemente
- Hiperatividade
- Brincar com comida
- Pôr grande secretismo em tudo o que faz
- Dizer às pessoas que anda bem
- Comprar roupa com números abaixo do normal
Primeiros sinais:
- Perda de peso
- Ficar obcecado com a ideia de ser gordo
- Ficar sem menstruação
- Maior sensibilidade ao frio
- Problemas de sono
- Debilidade
- Ansiedade, depressão