Quem são os pares dos sobredotados?

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Pares é sinónimo de colegas. Todos nós temos colegas, Desde a infância, eram os colegas de carteira, depois os colega de turma, os colegas de faculdade e os colegas de trabalho. Eles foram tantos! De quantos nos lembramos? De muito poucos, provavelmente.

Daqueles que tinham um pouco mais de afinidade connosco e terão ou não mantido algum laço de contacto ao longo da nossa vida. No entanto “naquele tempo” os colegas de escola, os nossos pares, eram cronológicos, isto é tinham a mesma idade que nós, mas havia alguma selecção na frequência das escolas, daí a existência de uma possível maior equivalência de capacidades motivação e situação.

Com a massificação da escolaridade, a situação alterou-se. Hoje, felizmente, todas as crianças vão à escola. Houve alteração da situação. Todos vão à escola. No entanto NÃO houve alteração na situação no que se refere aos pares. Continua a utilizar-se a idade como factor principal no agrupamento das crianças. Mas a afinidade existente anteriormente é agora mais difícil. Pelo contrário, os alunos, hoje não só não recordam os colegas da escola como muitas vezes os abominam, os receiam, os hostilizam, os violentam nos seus direitos.

As crianças são diferentes umas das outras. Todos somos diferentes. Quer por características genéticas, quer por motivação intrínseca ou extrínseca, quer por condições sócio-económicas diversas. Até os factores geográficos e climáticos têm aqui um papel relevante.

Todavia, teima-se em colocar as crianças na chamada escola inclusiva. Esta expressão é muito curiosa. Será que surgiu esta moda da escola inclusiva apenas por razões económicas? É, quanto a mim, a razão o mais provável. No entanto, os incautos, lá vão aceitando que o valor inerente é o da igualdade, da não discriminação, etc. E defendem este ponto de vista com unhas e
dentes.

Como resultado, a sala de aula transforma-se num pesadelo para os alunos e para os professores. Os mais débeis mental ou fisicamente sofrem uma humilhação permanente, os mais dotados esgotam a paciência e tornam-se hostis e agressivos quando não desmotivados. Os do centro, andam de cá para lá, sem encontrarem um rumo ou um objectivo em todas aquelas horas ali sentados.

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Que por escola inclusiva se entenda o mesmo edifício, mas com respeito pelas diferenças entre os indivíduos, é mais aceitável. Respeito que passa por espaço físico diverso. A escola é “um modelo da sociedade em miniatura” onde todos cabem. Mas como seria possível cada um de nós imaginar-se a trabalhar numa diversidade semelhante à que impôe aos alunos e aos professores dentro de uma sala de aula?

É difícil visualizar esta situação porque como adultos, nas nossas profissões lidamos com pares, que não são cronológicos mas sim de capacidades ou motivações similares. E a hierarquia é bem visível em ministérios, empresas, etc. “Eu tenho mais direitos do que tu, porque estou cá há mais tempo, porque sou mais velho, porque tenho mais habilitações, etc. etc.”

A criança sobredotada apresenta capacidades acima da média para a sua faixa etária. Apresenta, por isso, diferenças em relação aos seus pares cronológicos. O sistema educativo continua a insistir na agrupagem pela faixa etária (excepto quando reprovam, aí os de 14 anos podem co-habitar academicamente com os de 10 ou 11 anos!!!).

A criança sobredotada, para não se desmotivar e aguentar o sistema, precisa muito de encontrar e conviver com os seus pares intelectuais. Mas nesta conjuntura isso é mais difícil do que encontrar agulha em palheiro.

Por, ao longo de 16 anos, termos estado constantemente a ouvir as queixas dos sobredotados e dos seus familiares e nos sentirmos impotentes perante a máquina obsoleta da hierarquia educativa e as mentalidades rígidas dos seus responsáveis, depois de tentarmos internamente alterar a situação, sem grande sucesso, vamos agora tentar fazê-lo exteriormente no CPCIL, associação não-governamental sem fins lucrativos, vai iniciar-se um Projecto de apoio permanente ao sobredotado e suas famílias, permitindo não só o encontro de sobredotados com os seus pares intelectuais, mas também proporcionando atividades o mais estimulantes possível e as mais adequadas às capacidades dos participantes. Este 1º Encontro terá lugar aos fins de semana uma vez por mês e em períodos de férias. Estão todos convidados a uma visita à página do CPCIL e à inscrição na frequência dos programas.

Não tendo apoios financeiros, o CPCIL convida todos à colaboração em regime de voluntariado, e se por acaso está a pensar actualizar o mobiliário de escritório ou adquirir um novo computador pessoal, modelo topo de gama, para substituir o seu já ultrapassado, se o que tem ainda funciona e nem sabe o que lhe fazer, então recebê-lo-emos de bom grado e as famílias agradecem.

É que temos famílias que têm muitas dificuldades económicas e pouco podem oferecer aos seus filhos, em valores materiais, mas pretendem apoiá-los o melhor que puderem.

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