Giuseppe di Verdi, o homem da Ópera

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Giuseppe di Verdi
Giuseppe di Verdi
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A música foi a sua vida e nunca nada mais tornaria a ser igual. Passam este ano cem anos sobre a sua morte. Giuseppe di Verdi nasceu em Le Roncole, Itália, às 20 horas do dia 10 de Outubro de 1813. Desde muito cedo revelou um enorme interesse na música e os pais ofereceram-lhe no oitavo aniversário uma espineta em segunda mão.

Giuseppe di Verdi

Em 1923 mudar-se-ia para Busseto para completar a sua educação no liceu local, e no ano seguinte começou a estudar música com Ferdinando Provesi. Com apenas 15 anos de idade compôs uma nova abertura para a ópera de Rossini, ‘O Barbeiro de Sevilha’ que foi apresentada num espectáculo em Busseto.

No ano de 1832 concorreu para o conservatório de Milão, que recusou a sua admissão e Verdi optou então por ter aulas particulares com Vincezo Lavigna.

Um enorme desgosto se vem somar à vida de Verdi, quando a sua irmão Giuseppa morreu em 1833 aos 17 anos de idade. Três anos mais tarde, no mês de Maio, casaria com Margherita Barezzi, filha do seu patrono em Busseto, António Barezzi, mas em Setembro sofreu mais uma perda, com a morte do seu professor Lavigna.

A primeira filha do casal nasceria em 1937, a 26 de Março, sendo baptizada pelos pais com o nome de Virginia. Um ano depois a família aumenta com a chegada do filho ílicito, a 11 de Julho, mas mais uma vez a morte ensombrava a vida de Verdi com a morte da sua filha a 12 de Agosto do mesmo ano. 1838 revelar-se-ia um ano cheio de surpresas também com a publicação da primeira composição de Verdi, ‘Sei romanze’, seis canções bastante soturnas, e o compositor viria a demitir-se do cargo de maestro municipal em Busseto, para, no ano seguinte, se mudar para Milão.

É aí que morre Icilio, a 22 de Outubro, de uma pneumonia, deixando os jovens pais completamente arrasados. Um mês depois da sua morte, estreia no Scala a primeira ópera de Verdi, ‘Oberto, Conte di San Bonifácio’, que irá estabelecer definitivamente Verdi como um grande compositor. A ópera é aclamada com óptimas críticas e é apresentada 14 vezes nessa estação.

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Verdi assinaria então um contrato com a editora milanesa Casa di Ricordi, de forma a assegurar todo o seu trabalho futuro, no que se tornaria uma relação quase imaculada de amizade para toda a vida. Nesse mesmo ano, conheceria a soprano Giuseppina Strepponi, que se viria a revelar um fiel e sólido amparo para os anos que se seguiriam.

Em 1840, no mês de Junho, Margherita morre de encefalia e Verdi perderia toda a alegria para o resto da vida: ‘Um terceiro caixão saiu da minha casa. Estou só, só!’, escreveria mais tarde. Neste estado de espírito não é de admirar que a sua segunda ópera ‘Il finto Stanislao’ supostamente uma comédia, tenha sido um autêntico fracasso no Sacla e tenham sido canceladas todas as actuações seguintes.

Apenas dois anos depois é que Verdi voltaria a sentir o sucesso aquando da estreia da sua terceira ópera ‘Nabucco’, com a sua amiga Giuseppina no papel de Abigaille. No ano seguinte, mais um êxito com ‘I Lombardi’ e os coros de ambas as óperas começam a ser cantadas por toda a gente, tornando-se mesmo o hino dos patriotas italianos e dos combatentes pela liberdade.

A primeira de muitas viagens ao estrangeiro iria levá-lo a Vienna, para as actuações de ‘Nabucco’ no Kärntnerthor Theater.

Nos cinco anos seguintes o sucesso far-se-ia sentir quase sem interrupção em vários pontos do mundo com as óperas ‘Ernani’, ‘I due Foscari’, ‘Giovanna d’Arco’, ‘Alzira’, ‘Atila’, ‘Macbeth’ e ‘Jerusalém’.

‘Giovanna d’Arco’ estreara no Scala mas viria a ser última ópera de Verdi a estrear ali durante mais de vinte anos. O compositor, furioso com o tratamento que a direcção da sala administrava ao seu trabalho, proibiu categoricamente a Casa di Ricordi de oferecer quaisquer novas óperas para aquela sala. Esta situação iria manter-se até 1869, altura em que o Scala faria a estreia de ‘La Forza del Destino’. Verdi não voltaria a Milão, excepto brevemente em 1848, até ao ano de 1898.

Em 1845, compraria o Palácio Dordinni em Busseto e no ano seguinte a propriedade de Santa Ágata, a qual se dedicaria a recuperar e a adaptar aos seu próprio gosto. A sua relação com Giuseppina tornava-se mais séria.

Seguem-se mais anos de sucessos, sendo Verdi aclamado como o maior compositor italiano. Estreiam ‘Il Corsaro’, ‘La Battaglia di Legnano’, ‘Luisa Miller’ e ‘Stiffelio’, que marca o fim dos anos de ‘trabalho duro’ do compositor.

É no ano de 1851 que estreia um dos mais estrondosos êxitos de Verdi, a ópera ‘Rigoletto’, um triunfo em Veneza. Verdi e Giuseppina passaram a viver juntos, sem casar, o que se tornaria um enorme escândalo para a sociedade da época. É nesse ano que morreu a mãe do compositor, Luigia Uttini.

O ano de 1853 viria a ser passado entre êxitos e fracassos. ‘Il Trovatore’ é recebido com estrondosos aplausos em Roma e ‘La Traviata’ é um enorme fracasso em Veneza, apenas sete semanas mais tarde. Catorze meses depois, ‘La Traviata’ ressurge com êxito no Teatro Benedetto, outra sala de espectáculos de Veneza. É entre sucessos e críticas geladas que as suas próximas óperas estreiam para públicos em diversos pontos da Europa cultural da época.

Um ano de enormes movimentações políticas em Itália é 1859, que marca também o casamento de Verdi e Giuseppina e que termina com a eleição de Verdi para representante de Busseto na Assembleia de Parma, o que inicia a sua carreira na política.

A vida política de Verdi não se vai manter apenas pelas cadeiras dos Parlamentos mas vai mais longe com o compositor a suportar financeiramente as tropas de Garibaldi, para que estas pudessem comprar armas e munições.

O casal Verdi, depois da perda do pai e do benfeitor do compositor, tomam a seu cargo Filomena Maria Cristina, a filha de sete anos de um dos primos dele. Em Fevereiro de 1887 estreia ‘Otelo’ no La Scala e Verdi é honrado como cidadão honorário de Milão três dias depois. O ritual repete-se em 1893, com Verdi a ser considerado cidadão honorário de Roma, após a estreia da ópera ‘Falsataff’.

Em 1897 morre Giuseppina, a sua amada companheira de cinquenta anos e Verdi deixa a propriedade de Santa Ágata para passar a residir no Grande Hotel de Milão na companhia de Teresa Stolz, sua companhia nos últimos anos de vida. A 21 de Janeiro de 1901, Verdi sofre um ataque cardíaco, sendo recolhido ao Hotel.

Para evitar qualquer perturbação, o chão do exterior é coberto de palha para abafar o som dos cavalos e das rodas das carruagens e carroças. No dia 27 de Janeiro, pouco antes das três da manhã, Verdi morre na sua cama de hotel. O funeral foi discreto e silencioso, conforme o seu pedido de uma cerimónia serena, ‘sem música ou cânticos.’

Estes estariam guardados para a cerimónia de transladação do seu corpo e do de Giuseppina, um mês mais tarde, do talhão do cemitério de Milão para a cripta da Casa di Riposo, acompanhada por familiares, políticos, compositores e artistas entre muitos outros que quiseram prestar as últimas homenagens.

Lideradas por Arturo Toscanini, o coro do Scala entoava ‘Va pensiero’, o coro de ‘Nabucco’, a que se juntaram suavemente as vozes de centenas de pessoas presentes para prestar as últimas homenagens ao homem que dominou o panorama musical italiano.

Até à introdução das suas obras, a ópera apenas representava personagens nobres e mulheres bonitas em ambientes históricos e mitológicos. Verdi trouxe para a cena um corcunda (Rigoletto), uma prostituta (La Traviata) e o caso de dois irmãos que amam a mesma mulher (Il Trovatore).

É a época do realismo, em que, pela primeira vez na ópera serão usados os trajes modernos e as histórias pertencem ao romantismo francês, às vítimas, os humilhados e os ofendidos, cujos destinos culminam nos grandes finais trágicos.

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