Medo na Sala de Aula
Uma avaliação sobre o que os alunos pensam e sentem dentro das escolas revelou que o medo é o sentimento que impera face à crescente violência que se faz sentir. A Federação Nacional do Ensino e Investigação (Fenei) realizou um inquérito a uma amostragem de 2183 alunos, que representam um universo de 222 693, os resultados deste inquérito foram tornados públicos durante o debate na Assembleia da República sobre a violência em meio escolar.
Com o objectivo de alertar o Governo para o que realmente acontece nas escolas, a Fenei traduziu em números a avaliação do programa ‘Escola Segura’ durante 1998/99 através de um inquérito realizado dos 6.º ao 11.º em 68 escolas do ensino público na Região da Grande Lisboa e Grande Porto.
E os números são um alerta: 51 219 alunos revelam que não se sentem seguros na sala de aula, 109 119 não se sentem seguros no recreio, 46 765 não se sentem em segurança no portão da escola e 69 034 não se sentem em segurança nas ‘traseiras da escola’, local onde existe sempre menos vigilância.
O que mais preocupa a Federação são os valores que reflectem o medo sentido dentro da própria sala de aula, local em que os alunos se deveriam sentir seguros. A insegurança fica a dever-se a elementos que perturbam o normal funcionamento da aula e levam a que também o professor se sinta inseguro, baixando consideravelmente o nível da aprendizagem dos alunos.
Face a esta situação a Fenei considera que cabe ao Estado recolher os valores referenciais da civilização e da sociedade portuguesa e aplicá-los, apelando para a celeridade no cumprimento das normas, no sancionamento das infracções na escola e à aplicação da tolerância zero na sala de aula.
A Federação exige ainda a atribuição de um subsídio de risco para ser professor, caso o Ministério da Educação não tome medidas urgentes para combater a insegurança dentro da sala de aula.