Nunca um tecido fez tanto sucesso. Nenhum outro tecido suscitou tantas imagens, polémicas e adoração como a ganga… Esta tem sido, aliás, motivo de estudo para muitos antropólogos e sociólogos.
A história da ganga
Tudo começou em 1847…
Deixando para trás a sua terra natal na Bavaria (Alemanha), o jovem Levi Strauss procurava realizar o seu maior sonho: ser rico.
Para isso, nada melhor do que viajar até onde tudo podia acontecer: os Estados Unidos da América. Neste país, a corrida ao ouro era uma realidade. Na sua mala, Strauss levava metros de um tecido que ele considerava apropriado para as tendas dos mineiros. Mas, muito cedo, ele verificou que não era bem disso que eles precisavam.
Um bom par de calças, resistentes, era o que estes mais procuravam… Strauss não perdeu a oportunidade e meteu mãos à obra.
O sucesso não demorou a chegar e a palavra jeans (uma tradução grosseira de Genoa, cidade italiana onde se produzia este tecido) entrou, rapidamente, no vocabulário do dia-a-dia. Mas Strauss não se deixou ficar por aqui: inovações foram introduzidas para tornar as calças de ganga ainda mais resistentes.
As suas vendas não pararam de aumentar, tornando esta peça de roupa uma das imagens mais marcantes destes últimos séculos.
A irreverência da ganga
A figura de James Dean, em Fúria de Viver, é disso exemplo. Com uma simples t-shirt branca e umas calças de ganga, este jovem rebelde desafiava a sociedade americana.
Sob a sua influência, a ganga rapidamente ganhou um lugar de destaque, um pouco por todo o mundo, no guarda-roupa dos adolescentes. Ligada a movimentos de revolta, à ganga eram atribuídas ideias como a subversão, a irreverência, a quebra com os costumes impostos por uma sociedade tradicionalista.
Durante as contestações dos jovens americanos contra a guerra do Vietname, por exemplo, as calças de ganga tornaram-se o uniforme de eleição dos hippies, que as usavam como forma de protesto contra a sociedade de consumo. Mas, pouco a pouco, com a difusão do estilo italiano, a ganga passa a ser usada em peças que se querem, acima de tudo, práticas.
Este deixa de ser um tecido de uso exclusivo dos mais jovens… Os limites de idade, e mesmo de classe, são postos de parte, o que torna a ganga um tecido praticamente universal. Depois de atravessar todas as crises de valores e da moda das últimas décadas do século XX, a ganga ocupa hoje um lugar de supremacia. Aliás, ela é praticamente obrigatória na maioria dos guarda-roupa: dos jovens, dos adultos, dos empresários, dos agricultores, dos políticos…
Desta maneira, a ganga parece ter perdido toda a sua força contestatária e revolucionária. Hoje, ela assume o seu lado clássico, sereno, de tecido para toda a família.
Mesmo os grandes estilistas não se esquecem de a incluir, estação após estação, nas suas colecções. Yves-Saint Laurente chegou mesmo a afirmar de que gostava que tivesse sido ele a inventar o jean.
Para todas as ocasiões, este é um tecido que pode, ao mesmo tempo, ser sexy, discreto e simples.
A ganga é, sem dúvida, um tecido cheio de personalidade.