Longe vai o tempo em que o homem geria o dinheiro lá em casa. Para trás ficaram também as mulheres que se viam submetidas ao ordenado do marido. Hoje, a realidade é bem diferente!
Antigamente, a realidade monetária dos casais era totalmente distinta da actual. O homem trabalhava fora, trazia o sustento do lar, e dava uma determinada quantidade à mulher para ela gerir as contas da casa. A mulher tratava da lida da casa, dos filhos, da alimentação, e o seu papel era completamente inactivo no que se referia às contas do casal. Essa realidade foi totalmente destruída, se tivermos em conta a vida dos casais modernos: ambos ganham e, em muitos casos, elas ganham mais que eles.
Raras são as mulheres que hoje em dia não trabalham. Ambos os membros do casal saem de casa bem cedo, em direcção ao trabalho, e reencontram-se apenas à noite. O corrupio das profissões obriga a uma relação diferente, bem mais desgastante, longe das histórias de amor de outros tempos. Actualmente, muitas são as mulheres que ganham mais do que os homens. Para alguns não há problema algum, mas para outros essa realidade vem romper todas as tradições do passado nas quais o homem era o verdadeiro sustento do lar.
As coisas alteraram-se de tal forma que, mesmo ao nível da divisão monetária, as diferenças são evidentes. Da típica conta conjuntas, à qual a mulher praticamente não tinha acesso porque o homem é que a geria sozinho, assistimos à presença de dois tipos de conta na vida dos casais: uma conta conjunta, direccionada para todas as despesas do lar e filhos, e outra, individual, a que cada um dos membros do casal recorre para os seus gostos e prazeres pessoais, como seja roupa, livros, perfumes, entre outros bens.
Todavia, ainda é comum encontrarem-se casais apenas com contas conjuntas. Para estes não importa o que se gasta com os gostos pessoais de ambos, pois estes são pagos a partir de uma mesma conta, tal como os pagamentos mensais referentes à casa e filhos. Porém, e se estas realidades variam consoante a relação do casal e da própria filosofia de vida, não podemos esquecer que são muitos aqueles que têm inúmeras discussões pelo facto de um deles ganhar mais que o outro.
Esta realidade financeira que perturba a estabilidade de muitos casais é mais frequente do que possa imaginar. Em muitas situações, e se o homem ganha mais, não há qualquer pudor em afirmá-lo, ‘jogando-o à cara’ da sua companheira. Habitualmente, este argumento é utilizado como uma forma de magoar o outro, e tentar, através do dinheiro, demonstrar a superioridade face à outra pessoa. O problema é quando é a mulher que o afirma. Aí, as coisas tendem a complicar-se bastante, uma vez que ao homem sempre teve implícita a imagem de ser ele o sustento da casa. Hoje, a ala masculina portuguesa vê-se confrontada com um domínio monetário feminino em diversas situações.
O dinheiro não devia trazer problemas nos relacionamentos entre as pessoas, pelo menos era assim que as coisas deviam funcionar, mas infelizmente não é possível afirmarmos esse facto. Aliás, o dinheiro consegue cegar as pessoas e ser o motivo para muitas discussões. Se um dos membros gastou uma quantia exorbitante em roupa, por exemplo, e se têm somente contas conjuntas, a pessoa que ganha mais tem sempre tendência a ‘jogá-lo à cara’ do outro. Esta é uma atitude errada, mesmo que a pessoa tenha razão. Se estão juntos é porque assim o quiseram, e esse factor, por si só, devia implicar que partilhassem tudo, sem recorrerem a jogos e acusações vulgares.
A solução é, provavelmente, recorrer à gestão de duas contas, uma conjunta e outra pessoal, para assim serem evitados problemas monetários. Desta forma, ambos podem cometer pequenas extravagâncias, e ninguém poderá acusar o outro de nada. Lógico que é importante ser-se independente monetariamente, mas esta é uma situação que não pode ser generalizada. Cada qual deve saber o que é melhor para si e para o casal. É preciso falar com a outra pessoa, e chegarem a um acordo. Lá porque a sua amiga tem dois tipos de contas com o respectivo dela, não significa que você tenha que fazer o mesmo. Até porque, cada caso é um caso, e o que é normal para uns pode ser uma aberração para outros.
Independentemente da decisão que tomarem, tenha em atenção se as coisas funcionam realmente, pois caso isso não aconteça pode sempre mudar as suas finanças. E, os bancos existem para isso mesmo! O importante é não deixar destruir a relação com o seu companheiro por causa ‘daquilo’ que actualmente comanda as relações humanas: o dinheiro. Se isso acontecer é porque, possivelmente, a vossa relação não era suficiente forte e não resistiu a uns míseros cifrões…