Verão quente, quente um filme de Spike Lee

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Verão quente, quente um filme de Spike Lee
Verão quente, quente um filme de Spike Lee
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O título do novo filme de Spike Lee é sugestivo: “Verão Quente”. E as coisas ficam mesmo quentes naquele dia 29 de Julho de 1976. Duas mulheres são alvejadas dentro do carro com uma arma calibre 44, sem que a polícia consiga encontrar quaisquer pistas. O caso foi arquivado.

Verão quente

Mas o que o filme e a História revelaram é que este não foi só um caso isolado. Tratou-se do primeiro crime de uma série que iria atingir e aterrorizar Manhattan, praticados pelo tristemente célebre David Berkowitz, conhecido como Filho de Sam.

É o ponto de partida para o 13º filme de Spike Lee, escrito em colaboração com Victor Colicchio e Michael Imperioli, que traça aqui um retrato de toda uma sociedade e cultura criada e destruída nos anos setenta.

O filme decorre num bairro onde moram várias gerações de italianos, que se defrontam com uma época de transição, com a liberdade sexual, a droga, a música como uma forma de cultura que passa da contestação à pura sensualidade e toda uma paranóia causada pelos assassinatos de morenas perpétuados pelo Filho de Sam.

No bairro, o respeito pelo semelhante é a última coisa que preocupa os moradores, um pouco à imagem do que hoje acontece. E depois surgem as lutas raciais, as diferenças que são exacerbadas pelos problemas de cada um. Isto é bem patente numa cena do filme em que uma mulher negra é entrevistada pelo repórter que segue a actuação do assassino, interpretado pelo próprio Lee, acerca da prisão do assassino.

A reacção desta é de alívio por o assassino não ser de raça negra, o que iliba os seus filhos e as pessoas das suas relações.

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Spike Lee traça aqui um quadro de realidades, através dos olhos de dois jovens casais. Dionna e Vinny (Mira Sorvino e John Leguizamo) que moram no bairro, ela empregada no restaurante do pai e ele cabeleireiro e que vivem uma relação que se aproveita da liberdade sexual em vigor, para dar largas à sua fantasia, e onde a infidelidade é a ordem do dia.

Ruby e Ritchie (Jennifer Esposito e Adrien Brody) são diferentes. Ela é a leviana do bairro, que faz por amar todos os homens. Ele é um punk, que adopta a moda em vigor na Inglaterra, e que procura uma banda para tocar, enquanto vive à conta da mãe e do seu corpo, num clube gay. Mas apesar das suas formas de encarar a vida, mantêm uma relação assente no respeito mútuo e na compreensão.

A música é outro dos factores essenciais deste filme, muito mais subtil que os anteriores de Lee, que vai buscar temas dos Who, dos Abba, Roy Ayers e muito, muito sound disco, como o filme pede.

Um filme quente para ver nesta primavera em que o calor teima em estar afastado.

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