Uma mulher desobediente de Jane Hamilton da Editorial Presença
Uma mulher desobediente
A Mulher Desobediente é o retrato de uma família americana, narrada pela voz do filho mais velho dez anos mais tarde,depois da sua saída do lar paterno.
Henry Shaw, finalista de liceu, sente-se tão confortável com a sua família como qualquer jovem de dezassete anos se consegue sentir. O pai, Kevin, é professor de História com uma visão marcadamente socialista no Colégio Privado de Chicago, frequentado por Henry e a irmã.
A mãe, Beth, que toca piano num grupo musical especializado em música clássica, é uma mulher adorável, uma mãe cuidadosa e uma esposa atenta. Henry até aceita o comportamento disparatado e inconstante de Elvira, a irmã adolescente de treze anos, de momento obcecada em vestir nas alturas mais impróprias, apenas uniformes feitos à mão do período da Guerra Civil Americana.
Numa família tão excêntrica, completamente fora do século XX, é natural que Henry se assuma conscientemente como um solitário campeão de pesos pesados da adolescência depressiva, com uma peculiar predilecção pelo Universo romântico do escritor Henry James.
Mas o século XX está presente nesta casa de família, quanto mais não seja, através de um computador. É nesse computador que, inadvertidamente, Henry abre a caixa de correio electrónico da mãe, e rapidamente se apercebe que nada é, de facto, o que aparenta ser. Henry associa, inocentemente, o nome Liza38, à mãe.
Mas caso o seja, Liza38 é aprova irrefutável que a mãe está a ter um caso amoroso, adúltero, com um tal Richard Polloco, que diz ser construtor de violinos ucraniano a viver em Wisconsin (com o dom da palavra e dotado de um espírito romântico Que, infelizmente falta a Kevin, pai de Henry).
O gentil mundo de Henry sofre uma enorme reviravolta e o seu último ano de liceu é passado a estudar o caso amoroso da mãe e não as matérias escolares. Metodicamente Henry cartografa os sentimentos da mãe, a euforia, o sentimento de culpa e a sua profunda e tocante confusão.
O seu conhecimento da vida secreta de Beth inspira as suas explorações no campo do amor e do sexo com a efémera Lily, e, simultaneamente, confere-lhe uma nova consciência argumentativa nas discussões familiares em que os pais tinham sempre a última palavra. Durante um ano Henry observa cada membro da sua estranha família, tentando antecipar quando será descoberta a infidelidade da mãe e que consequências essa descoberta terá.
Jane Hamilton disseca com extrema delicadeza e perfeição as incertezas das relações humanas e familiares, captando inteligentemente os seus reflexos na própria comunidade em que estão inseridos. Entre as características que distinguem esta autora, destaca-se uma virtuosidade no vestir a pele das suas personagens, e na ironia discreta com que trata os seus comportamentos. No fundo, são estratégias por ela encontradas para nos revelar a fragilidade, mas também a força, das suas personagens, assim como a complexidade algo estranha dos enredos que cria.
Jane Hamilton é autora de The Book or Ruth, seu primeiro livro, distinguido com o PEN Hemingway Foundation Award de 1989, na categoria de melhor primeiro romance. Sete anos mais tarde foi escolhido pelo Oprah Book Club, conferindo-lhe um novo destaque. Em 1994 publica A Map or the World, bestseller internacional também seleccionado para o Oprah Club, e quatro anos depois a publicação de The Short Story ora Prince conquistou o Heartland Prize for Fiction, eleito Best Book of 1998 pela Publishers Weekly e foi nomeado para o feminino Britain Orange Prize.