Amor com sapatos de Eduard Brum da
Amor com sapatos
Uma noite pode modificar a vida de uma pessoa, é certo que sim. Que numa noite se podem construir paixões, acabar amores e destruir vidas, é mais do que claro. Da violência das palavras, Eduard Brum constrói um romance de elevação ao amor e aviltamento do ser.
Armando e Artemísia encontram-se num cinema, geram uma conversa entre banalidades e a paixão nasce. Do toque dos corpos, das fragrâncias das peles, do redemoinho dos sentidos, é o fogo que se instala.
Fogo saciado numa noite de paixão, e extinguido da mesma forma que sempre o amor é destruído, quando as personalidades de cada um se sobrepõem sobre o outro. E no meio os sapatos.
Armando acha que consegue descobrir o carácter de cada um, a partir do calçado utilizado, e a tal ponto acredita nessa sua capacidade, que chega mesmo a afastar-se daqueles de quem não lhe agrada os sapatos.
Artemísia é um enigma, dos sapatos dela nada retira e esse medo de não perceber a outra parte leva-o mesmo a preferir não continuar a relação.
Da elegia dos sentidos à violência das palavras, Eduard Brum mergulha o leitor no mundo do amor actual, em que tudo é intenso mas fugaz como o fogo de um fósforo.
Lançado oficialmente no passado dia 8 de Junho no Fórum Fnac, o autor preferiu dirigir as suas palavras aos amigos, num texto belíssimo, através de uma metáfora de barcos vagando ao sabor das correntes, que se afastam e se encontram, porque “os amigos são as nossas balizas, as nossas interrogações”.
Rui Zink foi encarregue das apresentações, aproveitou para dar uma aula de literatura, e foi igual à personagem criada por ele para a Sic. Nada de novo ou interessante.
Á parte isto, “Amor com Sapatos” é um bom exemplo da literatura portuguesa em expansão. Para ler e reflectir sobre as relações de amor.