Há um século, assistia-se na Europa a um dos mais efervescentes momentos da História da Música, o aparecimento de Stravinski. Qualquer pretexto era válido para anunciar rupturas com o passado e ensaiar novos recursos expressivos.
Revelavam-se, um atrás de outro, os grandes compositores do século XX, ansiosos por reinventar a arte dos sons numa altura em que todos os modelos pareciam esgotados.
Ígor Stravinski
Foi um dos principais protagonistas deste processo. No bailado O pássaro de fogo recorreu a uma dimensão sobrenatural para se abandonar nos ritmos frenéticos que chocaram os mais conservadores, mas que em igual medida fascinaram todos os restantes. É este o mote para um concerto especial que a Orquestra Metropolitana de Lisboa faz no dia 5 para a União Europeia de Radiodifusão, e leva depois até Almada.
Juntam-se-lhe a irreverência e o talento de outros compositores da mesma época. Com o poema sinfónico Paraísos artificiais o português Luís de Freitas Branco escandalizou o público, evocando os delírios provocados pelo consumo do ópio, inspirando-se em textos de Thomas de Quincey e apostando numa escrita musical arrojadamente subtil.
Nas suas Valsas nobres e sentimentais, o francês Ravel rendia-se aos encantos fúteis da dança oitocentista para recriar o espírito ébrio dos novos tempos. Finalmente, no primeiro programa, lança-se ainda um olhar sobre o período bem mais sombrio da II Grande Guerra, com a música de Frank Martin, Seis monólogos de “Jedermann”.
A dirigir a OML estará Michael Zilm, um dos maestros mais reputados do nosso panorama musical.