Os miúdos, a partir de uma certa altura, têm tendência para mentir em demasia. Soltam pequenas mentiras, mas isso não significa que possam vir a ser mentirosos compulsivos no futuro.
As crianças têm necessidade de imaginar uma quantidade infindável de coisas, a partir de pequenos acontecimentos do dia a dia ou a partir daquilo que vêm na televisão. A sua mente é de tal ordem variada que atingem facilmente o limiar da imaginação em poucos instantes. Por isso, e confrontados com o mundo do faz de conta e das brincadeiras, as crianças idealizam coisas e mentem com demasiada facilidade.
O facto de as crianças mentirem tem a ver com a questão que elas ainda não terem aprendido o verdadeiro sinónimo da palavra verdade. Os dias são passados a brincar e elas julgam que tudo na vida é um conto, e que têm liberdade para imaginar o que bem lhes apetecer. Assim, a imaginação leva ao faz de conta e este à mentira. Habitualmente, são mentiras que não têm grande maldade por trás ou que, pelo menos, não prejudicam gravemente ninguém, mas é importante começar a transmitir aos mais novos a autenticidade da verdade.
Os pais reagem de maneiras diferentes às mentiras das crianças: uns, acham muita piada às mentiras, embora outros tenham logo tendência para achar que os filhos vão ser no futuro uns mentirosos por excelência.
O caso não é para ignorar, como também não é para entrar em pânico. Os pais precisam de explicar aos filhos que não é correto mentir, mas devem fazê-lo de maneira moderada e entendível por eles. Começar numa gritaria com eles ou desatar a rir à gargalhada não é a melhor opção, e muito menos conseguirá resolver o caso.
Mais tarde, quando as crianças já são mais velhinhas, se constatar que continuam a mentir isso é um sinal óbvio que se estão a sentir inseguras, e que necessitam de mentir para se refugiarem no seu mundo. Só aqui e, através da mentira, as crianças se sentem protegidas e seguras.
As crianças, em muitos casos, mentem para no momento seguir dizerem a verdade. Nesta fase, não mostre qualquer tipo de ressentimento ou fúria porque senão, para a próxima vez, o seu filho já nem recuará com a sua palavra e continuará a mentir até ao fim. Mostre-lhe que ele não tem motivo para mentir, pois os pais não estão zangados. Com o passar do tempo, a criança começa a ganhar confiança em si mesma e nos pais, mas só depois de ter interiorizado o conceito de verdade e perceber que mentir não é correto.
Não julgue que só o seu filho mente, pois todas as crianças têm tendência a fazê-lo e nenhuma delas é completamente verdadeira. Esta é uma fase que com a devida atenção e acompanhamento passará brevemente. Aliás, as crianças não mentem apenas aos pais, como também aos amiguinhos. É comum vê-los contar proezas impensáveis uns aos outros, mas são coisas que em nada prejudicam os restantes e que apenas servem para eles se sentirem melhores e mais importantes, quase como gente grande.
Se ontem o seu filho lhe disse que não foi ele que partiu aquele copo, acredite que foi! Mas essa mentira tem apenas a ver com o receio dele em relação à sua pessoa, bem como a necessidade que tem em criar o seu próprio mundo, real e perfeito à sua maneira. Explique-lhe pormenorizadamente as coisas, sem gritos e sem gargalhadas exageradas, para que ele não julgue que está muito irritado ou que aquela conversa é apenas uma brincadeira. Conversar é, sem dúvida, o melhor remédio.