As mulheres da zona do Golfo resumem-se a um banal véu e, a pouco mais. Chocante.
Desejos reprimidos. Sonhos desfeitos. A vergonha da face e do corpo. O ousar do adultério, anuncia a brutal morte. O símbolo permanente do véu. Pesado, negro, sem sonhos ou recordações, sem futuro ou liberdade. Na Arábia, as mulheres são assim: isolam o rosto, da mesma forma que escondem a impulso da revolta…
Um mundo totalmente à parte. Perdido, alheio às regras e valores de conduta, das sociedades modernas. O marido manda, dá as ordens, estabelece as condições. Como um ser fragilizado, a mulher limita-se impotente, a obedecer. Contrariar as normas, tem um preço muito caro…
Esconde-se a beleza. A única que se permite vislumbrar, são os olhos: tristes, mortos, fixos em qualquer mágoa. Nada há que, valha a pena declarar. A mulher é somente isto: um robot cronometrado sem desejos ou ambições, com uma alma negra, vazia de desejos. A única coisa que possuem, realmente de sua propriedade é um simples véu, que lhe cobre o rosto.
Os Mullahs detiveram a posse das mulheres, estabeleceram limites impossíveis de transpor. O único além do convencionalismo que é permitido é o desporto, seja ele radical ou não.
A escalada, a corrida, o parapente, a natação, a canoagem, o jet sky ou simplesmente a corrida, são alguns dos desportos, através dos quais as mulheres tentam soltar o seu espirito. Mas o véu, negro e pesado que as cobre, está sempre lá. A lembrança que a liberdade, ainda não foi alcançada. A tradição mantém-se inalterável, ao passar do tempo, das horas de nostalgia e da liberdade simulada.
Romper os céus, voar livremente, sem limites a cumprir. Percorrer os caminhos da natureza, estáticos de mudança, vazios de novidades. Penetrar os rios, a água que lhes toca a roupa e, nunca a pele. Porque tocar a pele é pecado, ousadia, a tentação do Diabo. Os únicos momentos onde se sentem soltas e minimamente livres, são estes escassos momentos de desporto. Ainda assim, o peso do véu faz-se sentir fatalmente…
Sente-se a mágoa, a angústia, o desespero, as amarras do corpo, preso de espírito e ambição. Reprimida por um simples véu, a mulher do Islão e das Arábias, não pode pintar as unhas ou colocar óculos de sol. Sob o sol quente e tórrido do deserto, a única solução é esquecer, ou pelo menos tentar. Não se pode sair à rua, ou simplesmente falar com outro homem, sem que este seja o seu filho ou marido.
A parte da frente dos transportes públicos é para os homens, e a de trás para as mulheres. Os rapazes são presos por flirt e, as raparigas que pintarem os lábios ou usaram sapatos de salto alto são impiedosamente espancadas e marcadas a vermelho. Aqui, o vermelho não é a cor da paixão, mas sim da vergonha. O erotismo é completamente reprimido, seja sob a forma de vestuário ou até mesmo de músicas ocidentais, conotadas com essa essência.
A polícia persegue sistematicamente as mulheres, em busca de um qualquer deslize ou ousadia. As mulheres do Golfo, não são iguais a nós. Não se divertem, não riem, não se arranjam como gostariam, porque não lhes é permitido. Os lenços, muitas das vezes, já têm outras cores que não o negro. Mas, isso não chega.
Paira uma aura de censura, de repressão que, o véu, visivelmente, deixa transparecer.