Antes de se casarem tudo parecia correr ás mil maravilhas, embora uma ou outra atitude revelasse alguns sinais de instabilidade.
Quando namoravam as coisas pareciam correr bem. Alguns problemas de personalidade motivados por um feitio mais arisco, ciúmes, atitudes inexplicáveis de possessividade, mas em pouco tempo tudo ficava bem. Insegurança era o motivo que atribuía para a existência desses problemas que com o casamento facilmente seriam contornáveis. Porém, e depois de casados, as discussões aumentarem, deixaram de ter qualquer laço comunicativo, passaram à violência psicológica, até que um dia ele lhe bateu. Desde esse momento tudo se alterou, e o que parecia ser um conto de fadas tornou-se no maior pesadelo da sua vida. Porquê?
Esta é uma pergunta para a qual muitas mulheres, vítimas de violência por parte dos companheiros, não encontram qualquer resposta. Não percebem em que parte erraram, como não puderam perceber antes a verdadeira personalidade do actual companheiro, e sentem-se impotentes para conseguir resolver a situação. Por trás deste grave problema existem outros valores, como sentimentos que ainda perduram, filhos, falta de apoio por parte de amigos e familiares e, muitas vezes, a omissão dessa realidade, motivada por um forte sentimento de vergonha.
O marido/companheiro/namorado agressivo é uma pessoa que, à partida, é movido por um sentimento de posse. Trata a companheira como se a mesma fosse sua propriedade, um mero objecto que comprou na loja da esquina, controla os seus passos, e as cenas de ciúme, a maioria delas infundadas, ocorrem a todo o instante. Este é o género de homem que, tempos depois, casados ou em união de facto, poderá começar a utilizar a violência física sobre si. No entanto, e se o seu namorado é muito ciumento, não comece desde já a traçar um futuro negro para os dois. Cada caso é um caso, e há que saber ficar atenta às alterações registadas com o passar do tempo, pois são elas que traduzem o caminhar para uma realidade caótica.
O homem que agride a mulher é alguém com problemas emocionais. Possivelmente é uma pessoa que nunca se sentiu amado, com graves problemas afectivos, que recorre à violência para exprimir essa sua necessidade de amor e carinho. Porém, o agressor pode também ter sido uma pessoa que durante toda a sua infância e adolescência viveu num meio semelhante, em que as coisas se resolviam por intermédio da violência. Há mesmo a tendência para que se verifique um comportamento semelhante ao do seu progenitor, ainda que esse comportamento seja inconsciente e infundado ao olho do agressor.
O medo de ser rejeitado, a falta de confiança em si mesmo, a insegurança, a obsessão em manter junto a si o que o agressor entende como sendo “seu”, leva-o a protagonizar actos de violência extrema que podem atingir proporções preocupantes. Os homens que agridem as suas companheiras apresentam um comportamento semelhante entre eles: batem na mulher, e posteriormente pedem-lhe desculpas, alegando ser a última vez que “aquilo” ocorreu. Afirmam que se descontrolaram, e que o que os levou a tomar essa atitude é o medo de perderem a sua “amada”. A conversa é sempre igual, e a partir do momento em que a situação se registe uma vez o mais certo é que se volte a repetir muitas mais.
Motivado pelo contacto frequente com o álcool e droga, o homem pode também adoptar atitudes violentes, ainda que estas sejam desencadeadas a partir dessas realidades. À partida, e quando resolvidas essas situações de dependência, as coisas começam, lentamente, a assumir parâmetros normais. Porém, não interiorize desde já a fantasia de que tudo vai ficar bem, pois nem sempre a resolução destes problemas tem um final feliz. Aliás, a falta do vício poderá desencadear atitudes igualmente violentas, movidas pela pressão à qual o indivíduo está sujeito.
Neste desenrolar de cenas tristes protagonizadas por actos violentos é importante que a mulher tome uma atitude e mantenha o seu amor próprio. Por isso, e para acabar de vez com a situação, o melhor que tem a fazer é “deixá-lo”, e não ter vergonha alguma em denunciar a situação, inclusive às autoridades. Porém, existem muitas mulheres que continuam a tolerar esta situação. Por amor, ou falta dele, a verdade é que os casos de violência são cada vez mais significativos. Antes que a situação chegue até este cenário caótico, é importante que perceba que tipo de homem é esse com que sonha construir uma vida a dois.
Pequenas atitudes e comportamentos obsessivos podem ajudá-la a compreender melhor que tipo de futuro poderá desfrutar com essa pessoa. Mantenha-se atenta ao evoluir da situação, ao aumento dos ciúmes, e dos momentos em que ele demonstra a sua obsessão por si. Por vezes, é preferível não dar esse passo com o qual sempre sonhou, caso sinta que a situação pode vir a piorar. Mantenha-se atenta e aprenda a ler cada sinal mais “doentio” que ele lhe transmita. Agora, ainda vai a tempo de ser feliz com outra pessoa, mas depois de passar por essa experiência será bem difícil voltar a acreditar em alguém!