Holy Smoke um filme de Jane Campion
Holy Smoke
De uma viagem banal a um país místico, a Índia, o mundo parece querer desabar e dar uma volta de 180 graus. Holy Smoke é o testemunho claro de como a religião e a obsessão sentimental se conjugam em sintonia perfeita. Assinado por Anna Campion e Jane Campion, o perfume de Holy Somke espalhar-se-á pelo país a partir de 26 de Maio…
Duas jovens, curiosas e amantes das viagens, vão até à Índia descobrir novas culturas e novas tradições. Mas, a viagem acarreta com ela a grave e forte influência das seitas espirituais, penetrantes e intensas que, rapidamente deixam Ruth (Kate Winslet) totalmente fascinada. É assim que Holy Smoke tem o seu início. No cenário da Índia, com muito devoção e saris a desfilarem no horizonte.
Holy Smoke é um filme basedo num argumento de fácil percepção e entendimento, no qual é invocado logo desde o início a realidade das seitas e dos cultos, num palco de dependência e de obsessão. A história inicia-se quando Ruth é tocada por um guru, não querendo mais voltar para casa, ficando a viver na Índia.
O regresso da sua amiga que viajava com ela, levanta a hipótese da criação de uma mentira de maneira a que Ruth regresse à casa de seus pais. Com a ajuda de um perito neste tipo de assuntos, Ruth acaba por ceder em fazer uma experiência de três dias para ver se quer ou não regressar no final deste período de tempo, à fascinante Índia.
Totalmente isoldada de tudo ao que estava ligada no culto indiano, Ruth tem apenas ao seu lado um homem misterioso que tem como função obrigá-la a desistir da ideia da seita espiritual, à qual Ruth se entregou de imediato. Harvey keitel, é P.J. o perito que deve fazê-la ficar na casa de seus pais e no seu país de origem.
Holy Smoke, não é um filte somente espiritual ou apenas um testemunho de como a devoção a uma seita nos pode cegar. É também a mistura de estados de alma e de sonhos confusos que a adolescência cria involuntariamente, de dependências e de obsessões. Holy Smoke, é o espaço onde o desejo se confunde com a profissão, e o falso equilíbrio psicológico com a sanidade da mente.
Longe das cenas românticas protagonizadas por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, em Holy Smoke a jovem actriz é a adolescente rebelde e irreverente, movida pelos impulsos frenéticos do irracional e pelo inconsciente da sua mente. Harvey Keitel é P.J., o homem feito e maduro, que tem pela sua frente a tarefa difícil de mover uma jovem para o mundo da realidade, alheio e indiferente às promessas de um guru indiano.
A relação entre os dois, P.J. e Ruth, ultrapassa os limites da razão e do equilíbrio. Distanciados do mundo, numa casa no meio do deserto pensada para dissuadir a jovem Ruth, a ligação entre os dois inicia-se num atrito constante para terminar numa confusão ainda maior de paradoxos sentimentais.
Holy Smoke é um filme interessante, recheado de previsibilidades que chocam com ligações explosivas, com algum cheiro a ironia e graciosidade. Se o regresso de Ruth à Índia simboliza o final do filme, isso saberá quando no dia 26 de Maio o filme estrear nas salas de cinema portuguesas. Como as surpresas abundam em certas ocasiões e escasseiam noutros momentos da trama, talvez se surpreenda com o desfecho que Jane Campion encontrou para Holy Smoke…