Três Reis Magos foram adorar o menino nascido em Belém e com eles levaram presentes que significavam as riquezas do Oriente, Ocidente e África e a personificação de divindade de Jesus Cristo.
Último dia das celebrações dedicadas ao nascimento de Cristo, ou da Epifânia, o Dia de Reis já não assume uma importância tão grande em Portugal como noutros tempos.
Ainda se cantam as Janeiras em muitas terras, come-se o bolo-rei, mas a vertigem do tempo não permite maiores festejos, ao contrário do que acontece em Espanha, onde este é o dia eleito para a troca de presentes entre familiares e amigos.
Uma estrela terá guiado os três reis magos até à manjedoura onde Jesus Cristo nasceu, para onde estes se dirigiam para o adorar. Gaspar, um jovem rei africano, Melchior, um velho reinante da Europa e Baltazar, o rei asiático eram descendentes de três filhos de Noé, que viajaram desde o Oriente até ao local onde nasceu Jesus para que pudessem presenteá-lo com ouro, que significa a realeza, incenso, o sofrimento e mirra, significando a fé.
Segundo rezam outras crónicas, os três reis seriam oriundos da Arábia, Pérsia (atual Irão) e da Assíria ou Babilónia (atual Iraque), e seriam todos persas.
Os presentes dos Reis Magos
Os seus presentes significavam algo mais do que apenas bens materiais, já por si valiosos.
- o ouro era uma benesse de reis, e sendo entregue ao Menino, significava que este era rei.
- o incenso era a dádiva dos homens aos deuses, personificando desta forma o lado de divindade do recém-nascido
- a mirra era um unguento muito caro, usado para evitar que os corpos apodrecessem nos sepulcros, significando o desejo de eternidade do corpo terrestre de Cristo.
O dia 6 de Janeiro passou a ser celebrado, desde o ano 400, como o dia do baptismo de Cristo e consistia num grande festa popular. No Oriente, a Epifânia era considerada como a festa da Encarnação de Cristo em forma de carne e a sua manifestação como divindade.
No Ocidente, celebrava-se a festa como o dia da revelação de Cristo ao mundo pagão, tendo em conta a adoração dos reis prestada ao Menino.
A lenda dos Reis Magos
De acordo com a tradição da Igreja do século I, os reis magos eram apresentados como homens poderosos e sábios, possivelmente reis de nações a Oriente do Mediterrâneo, homens que pela sua cultura e espiritualidade cultivavam o conhecimento do Homem e da Natureza, esforçando-se especialmente por manter um contacto com Deus.
Até ao ano de 474 d.C. os seus restos mortais permaneceram em Constantinopla, a capital mais importante do cristianismo, tendo sido depois transladados para catedral de Milão, em Itália e em 1164 foram de novo transladados para a cidade de Colónia, na Alemanha, onde permanecem até aos nossos dias.
A adoração dos reis magos foi um dos temas preferidos de muitos artistas, tendo Gil Vicente escrito um auto, encomendado pela Rainha D. Leonor, ‘O auto dos reis magos’ e apresentado pela primeira vez a 6 de Janeiro de 1503, num local sagrado, terminando com todos os intérpretes cantando junto do presépio.
Outro artista português ligado à pintura, Francisco de Campos, dedicou também uma importante parte da sua obra ao tema da Epifânia.
Mais ou menos celebrado, o dia de Reis aí está, e pelo menos, não deixe de comer uma fatia de bolo-rei, mas cuidado com a fava.