Fundação Humberto Delgado

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Fundação Humberto Delgado
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Preservar a memória de Humberto Delgado e ensinar aos mais jovens um pouco da história recente de Portugal, a par com temas como a cidadania e a sexualidade, são os objectivos da Fundação Humberto Delgado.

Fundação Humberto Delgado

Falar com Iva Delgado e não falar da Fundação que representa são dois factores indissociáveis. A Fundação Humberto Delgado surgiu na sequência da Comissão que foi criada para celebrar o 40º aniversário das eleições de 1958 e opera ao nível das instituições de ensino.

E como Iva faz questão de frisar: ‘Há muitos anos que sentia a falta de um instrumento legal, porque quando aparecia em qualquer lado, aparecia como a senhora fulana tal, filha de Humberto Delgado, e hoje sou a presidente da Fundação. Isso tem importância para efeitos de representação e para poder ir muito mais longe na gerência da memória do meu pai. Ao longo destes anos fui fazendo o que podia apenas com o meu computador e a título particular e alcancei o que podia alcançar.

Quando pedi ao primeiro-ministro o apoio para a criação da Fundação ele achou uma ideia ousada e grande demais para uma pessoa apenas e aí foi o início da minha capacidade para a execução destas coisas. Tenho uma equipa de gente jovem a trabalhar comigo e vamos mais longe nessa tarefa que não pode ficar parada, nem ser assumida por outros que podem não saber lidar tão bem com estas memórias e com o que queremos realizar.’

A celebração do 40º aniversário das eleições de 1958 desenvolveu várias actividades, complexas que envolveram muitas pessoas para a organização de eventos como o comboio da liberdade, a publicação de livros, exposições e seminários. ‘Foi necessária a existência de uma Comissão, por resolução do Conselho de Ministros e a certa altura era preciso que existisse uma instituição que desse um suporte mínimo funcional e legal a essa Comissão.’ Na sequência dessas condições é criada a Fundação Humberto Delgado.

O trabalho fundamental da Fundação é executado com as crianças e Iva Delgado mostra-se deslumbrada com as reacções que estas apresentam ao que lhes é dito. ‘Todos adoramos histórias mas há uma lacuna muito grande a preencher. Quando vamos às escolas, prefiro contar-lhes histórias a dar doutrina, porque isso não lhes interessa. Nem têm paciência para tal, porque as mentalidades actuais não estão feitas para isso. Temos de lidar com as crianças na época delas.

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Provavelmente entendem melhor uma banda ou uns slides ou um filme do que um livro. As crianças também têm um currículo muito pesado e estão fartas da escola e temos de ir lá entrete-los e diverti-los e eles ficam maravilhados.’

No ensino, e todos notamos esse factor, existem grandes lacunas ao nível da história recente do país, mas Iva Delgado considera que: ‘O que é recente tende a ficar relegado num limbo, não se fala do que é recente que pode ter 50 anos. Quando vou para as escolas, tento sempre saber o que é que as crianças já sabem e começo daí, contando histórias de pessoas que estiveram presas ou outras, e por ai canalizo o interesse.’

A Fundação realiza um trabalho mais aprofundado com a escola Humberto Delgado, em Loures ‘trabalhamos de mãos dadas porque a nossa principal preocupação são os jovens, uma palavra que hoje tem uma conotação algo má.

Tanto se falou da cultura jovem e hoje estamos a ver uma juventude criminosa, sem preocupação pela vida humana e os culpados somos nós, os que estamos antes deles. Há qualquer coisa que falhou terrivelmente no esquema. A cultura jovem está a produzi aberrações, sem valores.

Temos de ter uma certa humildade e aprender com esses jovens porque eles não têm a vida facilitada. Na minha mocidade havia falta de liberdade e terror mas tínhamos dados adquiridos, sabíamos que depois do curso tínhamos um emprego e a vida tinha um escalonamento progressivo. Hoje há uma terrível luta pela vida, um individualismo atroz e uma luta individual muito grande. Temos de ter muita cautela no futuro.’

Com os olhos postos no futuro também da Fundação, Iva aponta as suas principais metas: ‘Gostava de ver a Fundação crescer, ter ramificações no estrangeiro, com mais contacos. Estamos apenas com dois anos de trabalho mas já temos currículo, o facto de existirmos já faz com que muita gente venha ter connosco, ou para colaborar, ou para trabalhos de investigação, vêem pedir dinheiro para projetos, emprego, etc. Abriu-se um novo mundo.’

A Fundação Delgado terá dentro em breve um site na Internet onde se poderão encontrar diversos documentos acerca do General Humberto Delgado e das ações de divulgação que terão lugar nas áreas da História, cidadania e sexualidade.

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