Jorge Sampaio, o antigo Presidente da República, é, uma vez mais, o símbolo nacional máximo. Venceu o antigo Presidente, mas venceu também a já popular abstenção.
O dia estava primaveril! Apetecia um passeio até à praia, um café numa esplanada, uma conversa amena, mas nada que tivesse a ver com ambientes fechados ou confusões. E, a pensar nisso, ou talvez não, muitas foram as pessoas que optaram por não ir votar. O dever cívico ficou para trás, e ficou também de lado a surpresa de umas eleições que não trouxeram quase novidades nenhumas.
A grande novidade foi a abstenção! Não no sentido da sua presença já habitual, mas sim nos números que protagonizou e que, segundo o líder do Partido Popular, Paulo Portas, foram os maiores valores de abstenção alcançados numas presidenciais. Haveria um total desinteresse, a eleição faria de antemão prever qual o vencedor, ou foi mesmo o bom tempo que fez com que as pessoas optassem pelo passeio em vez do dever cívico?
Jorge Sampaio
Os números falam mais alto: 49.08% de abstenção. O que significa que metade da população passou o Domingo normalmente, como se nada se passasse, e completamente desinteressada e alheia às eleições do representante máximo português. Mas, é também necessário salientar os boicotes à votação, que foram alguns, embora outros não tivessem passado de meras ameaças. É também de evidenciar o facto que, mesmo com o número elevado que a abstenção alcançou, Jorge Sampaio foi o indiscutível vencedor. A direita perdeu de forma quase humilhante!
E, se a vitória foi clara, apesar da não comparência às urnas, isso significa igualmente que as pessoas não estão assim tão descontentes com o mandato de Jorge Sampaio, caso contrário teriam lutado pela sua não reeleição. Escusado é também dizer que a abstenção foi o motivo para Ferreira do Amaral não vencer, motivo que o PSD alegou para esta derrota. É ridículo, e é a forma mais fácil e menos imaginativa encontrada para justificar o desastre que estas eleições foram para o candidato da direita.
Os números dos resultados da eleição são evidentes: Jorge Sampaio com 55.76%, Ferreira do Amaral, 34.54%, António Abreu com 5.13%, Fernando Rosas, 2.98%, e Garcia Pereira com 1.59%. Ficaram por apurar 6 freguesias, estando um total de 4235 freguesias já devidamente contabilizadas. O que os valores revelam é explícito e não tem muito a comentar, à excepção que não trouxeram surpresas de maior.
A esquerda é agora um leque de núcleos fragmentados, cada vez mais divididos e menos concentrados num só grupo e, embora a abstenção tenha sido elevada, a vaga socialista mantém-se à mesma um pouco por todo o país. Indiscutivelmente, Ferreira do Amaral não alcançou as suas expectativas! E, se o país está tão mal, como muitos apregoam, sem exercer o direito cívico não chegarão a lugar algum.
Deixemo-nos de conversas e de reclamações que não alteram em nada o processo de desenvolvimento dos factos. Jorge Sampaio venceu, e aqueles que antigamente reclamavam devem permanecer em silêncio porque a oportunidade foi-lhes dada ontem e não a souberam fazer valer! Por isso, e sendo o desinteresse tão amplo, até parece que Portugal nunca esteve tão bem…