Sete são os raptos de bebés contabilizados desde 1974…
A mãe de Bruna Alexandra não ganhou para o susto… No passado dia 16, a sua bebé foi “levada” da Maternidade Alfredo da Costa.
Mas tudo correu pelo melhor e, hoje, Susana Canelas já pode descansar em paz, segurando a filha nos seus braços.
Nada a fizera suspeitar de uma senhora simpática e apresentável que, dizendo-se inspectora de Saúde, acabava de levar Bruna para fazer o teste do pézinho. Hora e meia depois, o sinal de alarme é dado pelo pai da criança.
A PSP, e depois a PJ, entra logo em acção e a bebé é descoberta às 5 da manhã do dia seguinte. Foram horas e horas de interminável desespero e aflição. E, agora, Justiça é a palavra que anda no ar.
Como é que alguém é capaz de cometer tal crime? Esta é a questão… Haverá uma resposta?
A história da autora do rapto não deixa de ser menos trágica: enfermeira no desemprego, esta mulher decidiu simular uma gravidez para “prender” o seu companheiro. Como resultado do seu acto, a raptora encontra-se agora a aguardar julgamento na Prisão de Tires.
Tal como esta mulher, o que move grande parte das raptoras é o enorme desejo de terem um filho.
Vale tudo, mesmo tirar olhos…
Estas são mulheres que vivem um dia-a-dia de desespero e de solidão e que não sofrem, necessariamente, de perturbações mentais.
Ter um bebé é, para elas, fundamental para a relação amorosa e para elas próprias – só assim é que elas se conseguem afirmar. Foram estes mesmos motivos que levaram Carmelinda a raptar Mariana a 15 de Junho de 1984.
Depois de simular uma gravidez, esta mulher conseguiu durante cerca de dois anos e meio enganar a sua própria família, marido incluído. Três anos de pena suspensa foi a sentença decretada.
Mas, face a esta situação, outra questão se nos coloca – são os hospitais portugueses seguros?
Sete raptos foram contabilizados, desde 1974, nos hospitais portuguesas. E em todos eles há um elemento comum: a facilidade com que os crimes foram cometidos.
Quem não se lembra do caso de Ruben Filipe, tirado aos pais por uma falsa médica e só encontrado sete dias depois em Castelo Branco?
A autora do crime poucas pistas deixou atrás de si – só graças à denúncia dos seus vizinhos é que a polícia a encontrou. Nunca ninguém desconfiou daquela mulher que cruzava os corredores do Hospital de Santa Maria com grande despreocupação…
Apesar de toda a segurança e de todas as regras, parece ser fácil entrar e circular livremente num hospital português. Depois do rapto de Bruna Alexandra, a Maternidade Alfredo da Costa e a Inspecção Geral de Saúde prometeram realizar um inquérito quanto às questões da segurança.
Para quando uma maior vigilância? A pergunta fica no ar…