Nunca representada em Portugal, esta tragicomédia de Shakespeare é agora levada à cena pela Cornucópia, cuja estreia hoje marca o fim da temporada. Cimbalino, Rei da Britânia
Cimbalino, Rei da Britânia
É um texto quase desconhecido do público português por se tratar de uma das peças menos representadas do autor, um “romance” que inaugura a fase final da obra de Shakespeare, a que pertencem outras como Conto de Inverno e A Tempestade.
Durante muito tempo foi considerada uma obra menor, mas progressivamente foi sendo encarada como uma obra de transição para um novo género, com uma genial e irónica elaboração de personagens e situações de peças anteriores.
Está criada uma mistura de géneros, que vão da comédia ao drama, passando pelas peças históricas e com estilos poéticos díspares, com muitos e divertidos anacronismos. A acção situa-se no final da época pagã, mas a corte parece estar no século XVII e a Roma Imperial assemelha-se à Itália do Renascentismo.
É na corte da lendária Britânia, que luta contra a Roma Imperial pela sua independência, que reina a mentira e a corrupção. Cymbelino é o rei apaixonado por uma rainha perversa e ambiciosa, demasiado enredado nos erros dos homens, que perdeu dois filhos devido à sua injustiça e impede o casamento da filha com o favorito em favor de um enteado idiota.
A encenação está a cargo de Luís Miguel Cintra, e a interpretação é do grupo de actores que já são habituais na companhia, como é o caso de Duarte Guimarães, Francisco Nascimento, José Airosa, José Manuel Mendes, Márcia Breia, Luís Lima ente outros. A registar ainda o regresso ao elenco de Diogo Dória e a presença, pela primeira vez, de Rogério Samora.
É a quarta vez que a Companhia de Teatro da Cornucópia leva à cena um texto de Shakespeare, sempre com novas traduções por equipas ligadas à Companhia ou por autores portugueses contemporâneos.
Aproveitando as condições da sala do Teatro do Bairro Alto, foi criado um dispositivo cénico especial, com o envolvimento do público no espaço de representação, em proximidade com os actores.
Por outro lado, a peça tem a duração de quatro horas, começando às 21 horas e é representado diariamente de Terça a Sábado, nesse horário e aos Domingos às 16 horas.
A não perder esta obra de um grande senhor do teatro, e aproveite as novas formas de fazer teatro que se fazem por cá.