António Lobo Antunes lança hoje, em Frankfurt, a edição alemã de Exortação aos Crocodilos, à venda desde quarta-feira em Portugal. É o momento alto da participação portuguesa no maior mercado de ideias e de livros do mundo.
António Lobo Antunes lança, esta quinta-feira, na Feira do Livro de Frankfurt, o seu mais recente livro. “Exortação aos Crocodilos” é o terceiro volume de uma trilogia iniciada com “O Manual dos Inquisidores” e que prosseguiu com “Esplendor de Portugal”.
Em “Exortação aos Crocodilos“, à venda no mercado português desde quarta-feira, Lobo Antunes apresenta uma história feita de histórias, em volta da chamada “rede bombista”, depois do 25 de Abril. Histórias narradas pelas mulheres dos bombistas, uma a uma, em cada um dos trinta e dois capítulos. Ao longo de perto de 600 páginas, António Lobo Antunes dá-nos a conhecer o outro lado de uma realidade, sobre a qual há ainda muito por contar.
“Exortação aos Crocodilos” é hoje lançado na Feira do Livro de Frankfurt. O autor é um dos vários escritores e poetas portugueses que vão dar vida à edição 51 do maior mercado do Livro. Com um elo de ligação entre todos: a Palavra. Talvez por isso, Portugal garanta, em Frankfurt, que tudo se passa “entre nós e as palavras”. Ao virar da página, a Mulher Portuguesa conta-lhe os pormenores de Frankfurt 1999.
Até ao próximo dia 18, Frankfurt, na Alemanha, recebe, mais uma vez, o maior mercado de ideias e de livros do mundo. A edição 51 da Feira do Livro de Frankfurt reúne perto de 400 mil obras de cerca de 7 mil autores, vindos de 80 países.
Presentes estão também editoras e produtores multimédia de perto de 100 nacionalidades. Nos 180 mil metros quadrados da Feira são esperados, até segunda feira, qualquer coisa como 300 mil visitantes. A cobertura mediática está assegurada por 11 mil jornalistas.
Gunter Grass, recentemente distinguido com o Prémio Nobel da Literatura é, naturalmente, o centro das atenções da Feira deste ano. É conhecida a oposição de Gunter Grass à reunificação alemã, recentemente expressa em “Uma Longa História”. O livro acendeu a polémica e promete atenções especiais em Frankfurt.
À semelhança do que aconteceu com Portugal, em 1997, a Hungria é o país-tema desta mega feira do Livro. É o primeiro país da antiga Europa de Leste a ser objecto desta distinção. A organização explica que, dez anos depois da abertura à Democracia, é agora possível notar uma evolução permanente no campo literário húngaro.
Já em 1997, a Hungria tinha participado com cerca de 40 editoras. Este ano, esse duplicou aumentou significativamente: Frankfurt vai ter disponíveis publicações de 70 editoras húngaras.
Nos últimos anos, assistiu-se a um “boom” na tradução dos principais autores húngaros para as principais línguas mundiais, principalmente, o inglês e o alemão. Entre eles, estão nomes como Gyorgy Konrad, actualmente uma referência da vida intelectual de Berlim.
Outro húngaro, Peter Esterhazy, é já considerado como um dos nomes mais importantes da literatura contemporânea. E a permanente revolta contra o totalitarismo e a ditadura, presentes na obra de Imre Kertsz, põem-no, segundo a crítica, ao nível de um Elie Wiesel.
Por todos estes motivos, os organizadores de Frankfurt ’99 consideram que a Hungria é detentora de uma das literaturas mais vivas e interessantes da Europa actual.
Outro nome que marca, por estes dias, o mercado de ideias de Frankfurt é o de Goethe. A ideia é demonstrar a importância do autor alemão no trabalho de editores em todo o mundo. Para isso, a edição 51 da Feira reúne 70 livros, publicados por 29 editoras, alguns escritos pelo próprio, outros, por diversos autores, sobre a sua obra e personalidade.
À semelhante do que tem acontecido há muito, Portugal volta, este ano, a Frankfurt.
Um dos momentos altos da presença portuguesa é o lançamento, marcado para esta quinta-feira, da edição alemã do mais recente livro de António Lobo Antunes, “Exortação aos Crocodilos”, à venda em Portugal desde ontem e publicado pela D. Quixote.
Na sexta-feira, realiza-se o lançamento internacional de “O grande segredo da coroa britânica”, de Francisco Manoel.
Sob o lema “Entre nós e as palavras”, o Ministério da Cultura leva à maior feira do livro do mundo três poetas e sete ficcionistas, com natural destaque para José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Lídia Jorge e Mário de Carvalho estão também presentes em Frankfurt, à semelhança do que acontece com Clara Pinto Correia, Fernando Campos, Rui Zink e Teodolinda Gersão.
No campo da poesia, Portugal aposta em três gerações: Pedro Tamen, um dos grandes nomes revelados durante a década de 50; Armando Silva Carvalho, nome de referência a partir dos anos 60; e António Franco Alexandre, figura central a partir de 70.
A delegação portuguesa realiza várias sessões de leitura em português, traduzidas por actores alemães. João Barrento, um dos mais conceituados germanistas nacionais, é o moderador escolhido.
Uma forma de dar forma a essa relação tão simples e, por vezes, tão conflituosa que existe “entre nós e as palavras”. Afinal, explica o Instituto Português do Livro e da Biblioteca, é preciso não esquecer “o papel decisivo” que, às portas de um novo milénio, “(…) a palavra escrita continuará a desempenhar, mesmo com o desenvolvimento das tecnologias(…). Porque, tanto nas páginas de um livro, como no ecran de um computador, tudo se passa entre nós e as palavras”…