A exposição de desenho e escultura, intitulada ‘Exorcismos 1963-2001’, e assinada por José Rodrigues, é apresentada hoje na Cooperativa Árvore, no Porto, e prolongar-se-á até dia 10 de Outubro.
Uma exposição de escultura e desenho, assinada por José Rodrigues, denominada por ‘Exorcismos 1963-2001’,é a sugestão da Cooperativa Árvore. Uma exposição que abrange o período de 1963/64 e que se prolonga até aos nossos dias. O começo da mostra está agendado para 14 de Setembro, com o fecho previsto para 10 de Outubro.
Iniciada a sua apresentação hoje, a exposição tem como suporte um livro com textos de Eugénio de Andrade, recuperando o texto que este publicou no catálogo da primeira exposição de José Rodrigues, na Árvore, em Novembro de 1964, intitulado ‘Assim pode nascer a alegria’. O livro conta ainda com textos de Fátima Lambert e Fernando Guimarães, e ainda cerca de 130 reproduções.
Fátima Lambert, no texto que preparou, afirma estar convicta de que, “na vida de José Rodrigues, a convocação imagética do rosto e do corpo humanos, se acertam com o carácter e o domínio do próprio artista, enquanto paradigma de uma geração, de uma guerra com o mundo (convencionalizado), de uma utopia persistente. As suas inúmeras obras são fragmentos de uma escrita: são uma espécie de diário, páginas manuscritas que vêem linhas e volumes, instituem a sua visão, a verdade das coisas”.
Fernando Guimarães, por sua vez, começa por dizer que “Se caminhas só, e sempre na mesma direcção, é a ti mesmo que hás-de chegar. (…) Os pintores, os gravadores, os desenhadores, muitas vezes se interessaram pelos desastres da guerra. (…) É ela que simplifica e transforma num sinal quase silencioso a presença desoladora e convulsiva dos combates. A sua representação pode estar nos rostos apavorados ou tensos, nos corpos feridos ou estendidos pelo chão – mas também nas sombras, no olhar sem rosto, na imagem de uma ferida”.
Eugénio de Andrade, em 1964, com a sensibilidade do poeta, concluía que “estávamos em presença de uma natureza sensual, quero dizer, de um artista, isto é, de alguém muito empenhado em afirmar o milagre de estar vivo. Mas só quem conhece a morte sabe amar assim a vida. (…) A morte que sempre conhecera mostrara-lhe a face mais suja, e era insuportável. Outra coisa não era o que os seus novos desenhos mostravam e a sua escultura ia também acentuando: uma poética articulada no limiar da desesperança, onde o exorcismo não se distinguia de uma aguda consciência da dignidade de ser homem”.
A exposição de desenho e escultura, sob o título ‘Exorcismos 1963-2001’, é assinada por José Rodrigues, e estará patente na Cooperativa Árvore, na cidade do Porto, de 14 de Setembro a 10 de Outubro.
Horário:
De 2ª a 6ª, das 09h00 às 23h00
Sábados, das 15h00 às 19h00 e das 21h30 às 23h00
Domingos, das 15h00 às 20h00