A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross

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A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross
A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross
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A Papisa Joana, quantas mais mulheres tinham dado o salto arriscado, abandonando as suas identidades femininas que podiam ter sido ocupadas com filhos e família para alcançarem aquilo que, de contrário, teriam sido impedidas de atingir?

A Papisa Joana

Corria o ano de 853 e era eleito um novo Papa em Roma, João VIII. O que ninguém sabia é que este Papa era uma mulher, de seu nome Joana, que para salvar a vida e conseguir mitigar a sua sede por sabedoria vestiu a pele de um homem e dedicou a sua vida à religião.

Era a época das Trevas, onde o papel da mulher estava até abaixo do gado e dos escravos. A mulher não tinha acesso à instrução, porque dessa forma seria uma aberração da natureza e a lei permitia que fosse espancada pelo marido, não via ser-lhe feita justiça em caso de violação e não detinha qualquer direito legal.

Donna Woolfolk Cross traça com genialidade, neste que é o seu primeiro romance, aquele que poderia ter sido o percurso desta mulher que durante dois anos ocupou o cargo mais elevado da Igreja Católica e do Mundo. O Papa João VIII comandou a vida espiritual de todo o mundo ocidental de 853 a 855, até ter morrido de parto. Mas não poderá saber mais da história até ler este fabuloso romance que descreve com mestria uma época de obscurantismo e das mais penalizadoras para a mulher.

Verdade ou lenda, Joana/ João VIII não é encontrado nos anais da história do Vaticano porque os registos terão sido apagados. Antes do século XVII o papado de Joana era conhecido e aceite por todos, mas durante esse século a Igreja Católica, sob o recrudescimento das críticas do Protestantismo empreendeu esforços para destruir todos os registos históricos referentes a Joana, que embaraçavam o clero.

Foram destruídos centenas de livros e manuscritos pelo Vaticano. Actualmente a presença de Joana no Papado é considerada pela Igreja como uma invenção dos reformadores protestantes, ansiosos por denunciar a corrupção do Papado.

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No final do romance a autora enumera alguns pontos que parecem provar a existência de uma mulher no trono do Papado, nomeadamente o “exame de cadeira” a que todos os que acediam a esse cargo eram submetidos e que consistia em sentar o eleito numa cadeira semelhante às actuais sanitas e ter os seus órgãos genitais examinados por um prelado, que seguidamente declarava ao povo que o eleito se tratava de um homem, entregando-lhe em seguida as chaves de S. Pedro, um cuidado que não deveria existir se não houvesse antecedentes. Este exame, parte da consagração papal medieval, durou cerca de 600 anos e começou pouco depois do suposto reinado de Joana.

Um excelente tratado de costumes e de uma época do ponto de vista de uma mulher, que nos chega pela Editorial Presença.

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