Heart é uma deliciosa menina, bastante precoce para a idade, que julga e crê vir a ser uma grande estrela de Hollywood e da dança, e vê todos os seus passos como uma forma de alcançar esse sonho.
A mãe, é solteira e olha os avanços da filha apenas como uma coisa própria da idade, ao mesmo tempo que lhe vai inculcando pensamentos liberais e de independência como mulher, revoltando-se muitas das vezes contra as tradicionais histórias de fadas.
Este é um excelente cartoon de Mark Tatulli, que nos mostra que a luta de gerações há-de existir sempre mesmo que a próxima geração apenas frequente a primária.
A par com outras personagens, como Mrs. Angellini, que ensina a Heart algo sobre religião e algumas noções de catolicismo, e os amigos da sua idade, que ensinam aos leitores mais velhos muitos dos sentimentos que os mais novos têm, assim como as diferentes formas de ver o mundo e de encarar os problemas, Heart vai aprendendo o que pensar (ou não pensar) acerca do que a rodeia.
A nossa pequenina tem ainda outro sonho, que partilha com a sua melhor amiga, Kat: vir a ser a senhora Di Caprio.
Apesar dos pesares, a cumplicidade entre mãe e filha é bem patente, excepto quando Heart insiste em furar as orelhas ou ver pela quinquagésima quarta vez “Tudo o Vento Levou”, para o que é necessária a “muito feia mas incrivelmente confortável manta dos peixes”.
Além de tudo isto, Heart ainda procura afanosamente um marido para a mãe, o que esta recusa terminantemente. Pelo meio ainda é preciso que Heart partilhe o seu espaço e a sua amizade com Dean, um garoto com a mania da Guerra das Estrelas, mas com um coração sensível para com os animais e tudo o que o rodeia.
Divertidissíma, esta história da Gradiva, a ler por miúdos e graúdos.