Desde o Antigo Egipto às actuais corridas de Ascot, o chapéu continua a ser símbolo de elegância e de bom-gosto.Mas não só… O chapéu é dos acessórios que mais esteve (e ainda está) ligado à personalidade e ao nível social de quem o usa.
Lembre-mo-nos das coroas reais ou dos chapéus religiosos – eles permitem distinguir, de forma bem clara, quem manda em quem.
Chapéus há muitos e é verdade… O turbante, por exemplo, é um tipo de chapéu conhecido, desde há séculos, por muitas culturas em todo o mundo.
Outros há que ficam para sempre no nosso imaginário – Chaplin com o seu chapéu em forma de melão, Che Guevara com o seu barrete basco ou a “fruteira” de Carmen Miranda.
Foi nos primeiros anos do século XIV que o uso de chapéu se tornou moda entre a nobreza europeia. Até esta data, a touca – semelhante à de um bebé – era o tipo de chapéu mais popular. E não era usada por todos.
Novas versões em veludo, com brocados e ornamentadas com jóias ou plumas, começam a surgir e substituem essas toucas. Isto, claro, para as classes mais privilegiadas. Os tempos mudam e os chapéus também – vários estilos vão-se sucedendo. Exemplos: no século XVII temos o chapéu usado pelos mosqueteiros franceses e, no século XVIII, o tricórnio.
Ao mesmo tempo que surgem os grandes modistas em finais do século XVIII, a chapelaria feminina também se torna uma arte independente.
Entretanto, uma nova e poderosa clientela surge: a burguesia emergente abre novos caminhos para a moda. Durante o século XIX, enquanto os chapéus masculinos conhecem poucas inovações, já a moda feminina não pára de espantar.
Os estilos sucedem-se a um ritmo alucinante, de tal maneira que só as mais abastadas têm meios para o acompanhar.
Já no nosso século, o fim da I Grande Guerra trouxe consigo toda uma nova maneira de entender a moda. O caminho para o chapéu moderno estava aberto. As décadas de 20 e 30 foram décadas de ouro – grandes nomes da chapelaria (Caroline Reboux, Paulette, Schiaparelli) deixaram marcas para sempre.
E hoje em dia? No desporto, na música, no trabalho… O chapéu ainda anda por aí. Mas, se antes não se saía de casa sem ele, hoje o uso de chapéu encontra-se reservado, essencialmente, para momentos mais especiais como casamentos ou baptizados.
Os grandes chapeleiros tradicionais apenas encontram clientes entre as pessoas mais abastadas – mais uma vez o chapéu nos aparece como símbolo de riqueza ou de reputação social.
Nestes últimos anos, jovens criadores têm vindo a introduzir uma “lufada de ar fresco”, com os seus chapéus cheios de humor e de teatralidade. O jovem irlandês Philip Treacy é um dos estilistas mais reputados nos nossos dias. Depois de ter frequentado a Royal College of Art de Londres, começou a trabalhar e, em pouco tempo, os seus chapéus tornaram-se famosos.
Porquê? Uma originalidade intimidante é como os podemos definir. Os seus chapéus são para ser usados por mulheres seguras de si, que não receiam os olhares alheios.
Juntamente com outros criadores como Nicholas Oakwell ou os franceses Jacques Pinturier e Olivier Chanan, eles continuam a fazer da chapelaria uma forma de arte intemporal.