Herdeiro de uma longa linhagem de músicos, de que se conhecem até ao século XIX perto de oitenta, Bach cedo acordou para o mundo da música.
Sebastian Bach nasceu a 21 de Março de 1685, em Eisenach, uma pequena cidade da Turíngia, na Alemanha, filho de Johann Ambrosius, trombeteiro a cargo do Duque de Eisenach, e director dos músicos da cidade.
Herdeiro de uma longa linhagem de músicos, de que se conhecem até ao século XIX perto de oitenta, Bach cedo acordou para o mundo da música, morando numa casa que dava guarida a muitos aprendizes de música. Aprendeu com o pai a tocar violino, assim como foi iniciado na arte de tocar órgão, pelo seu famoso tio, Johann Cristoph Bach, e como aluno aplicado que era, depressa se tornou um habilidoso destes instrumentos.
Aos oito anos de idade começou a frequentar a velha Latin Grammar School, onde Martinho Lutero também estudara, e onde teve a oportunidade, para além de estudar, de participar no Coro da igreja, e ficou conhecido por ter um timbre particularmente agudo de voz. Pertenceu à austera Igreja luterana, que se caracterizava por rituais sóbrios, pela profunda ligação com a língua alemã e a sua música folclórica e pela autoritária e puritana atitude que mantinha em relação aos seus adeptos.
Na altura, as condições de higiene não eram as melhores, nem os conhecimentos em matéria de medicina. Bach perdeu uma irmã e um irmão. Com nove anos perdeu a mãe e nove meses depois faleceu o pai. Órfão aos 10 anos de idade, foi entregue, juntamente com o irmão Johann Jacob à casa do irmão mais velho, recém-casado e instalado como organista em Ohrdruf, uma pequena cidade a sul de Eisenach.
Nessa cidade, Bach viveu cinco anos, aprendeu imenso com o irmão e foi matriculado na escola da cidade, considerada como uma das mais progressivas da Alemanha, onde também pertenceu ao Coro. A sua voz de soprano conseguiu-lhe um lugar no Coro do mosteiro de Luneburg, com uma bolsa de estudos.
Em 1700, com o seu colega de escola Georg Erdmann, levou a cabo uma viagem de cento e oito milhas a pé até Luneburg, onde foi bastante bem recebido, devido à fama da sua voz, que o precedia. Com a puberdade, a voz foi pedida, e Bach dedicou-se mais à música e tocou em diversos locais, como convidado e contratado.
Aos dezoito anos, decidiu procurar emprego como organista na sua terra natal, cargo que não chegou a ocupar, enquanto esperava que o órgão da sua igreja fosse instalado, tocou como violinista na orquestra da câmara em Lunerburg.
Em 1706 teve vários problemas com o Concelho da cidade de Arnstadt, onde trabalhava como organista e condutor do coro, devido às “suas estranhas ideias” acerca da música, como o classificou o Concelho, para além de “comportamentos lascivos com uma donzela”. Tratava-se de Maria Bárbara, sua prima, com quem viria a casar mais tarde e de quem teria sete filhos, mas que morreria anos depois, durante a sua ausência numa tournée.
Para evitar os problemas, decidiu-se por um emprego como organista na cidade de Muhlhausen, cargo recentemente deixado vago por morte do seu antecessor.
Casamento de Bach
Casou em segundas núpcias, aos 36 anos, com Anna Magdalena, dona de uma boa voz de soprano, com idade de 20 anos. Anna era uma boa dona-de-casa, cuidava dos filhos do anterior matrimónio com carinho e ajudava Bach no seu trabalho, copiando os seus manuscritos.
Nos vinte e oito anos de casamento, nasceram treze crianças, embora apenas tenham sobrevivido nove de toda a prole de Bach. Na sua procura auto-didata pela perfeição, viajou e mudou-se várias vezes para novas cidades, sempre em busca de novos conhecimentos musicais.
Cantatas de Bach
As cantatas sacras de Bach têm textos bíblicos ou são baseadas nos hinos de igreja, embora algumas incluam, também, poesia. Referem-se ao Evangelho do Domingo ou da festa, das ocasiões especiais como casamentos, enterros, etc. Por obrigação de serviço, Bach escreveu, durante anos, semanalmente uma cantata.
Os últimos 27 anos da sua vida passou-os na cidade de Leipzig, onde ocupou o cargo de “Kantor” da Igreja de São Tomás, onde ensinava, compunha e interpretava. Morreu no dia 28 de Julho de 1750, vitima de duas operações que efectuou para tentar contrariar a cegueira.
Da sua obra fazem parte quatro peças corais, com a mais conhecida a “Paixão Segundo São Mateus”, 295 cantatas, um dos temas mais ouvidos em órgão “Tocata e Fuga em Ré Menor” composta em 1709, duas peças de música de câmara e dois concertos.
Durante a vida, Bach não foi o compositor mais importante da Alemanha (essa posição era ocupada por Telemann), mas era conhecido como o maior organista e um virtuoso no cravo e violino. Optava pela forma da música italiana contemporânea, mas de genuína inspiração alemã e muitas vezes folclórica.
Como dava pouca importância às modas musicais, as suas composições, ao longo da vida, tornaram-se pouco conhecidas. Numa época de predomínio da ópera italiana, a sua música era um anacronismo que a nova geração de músicos já não compreendia. Tudo isso, aliado à decadência do espírito religioso da época, explicam a pouca projecção das suas obras durante a vida.