Crónica: a queda de um matador

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Cronistas da MulherPortuguesa
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Quantos anos passaram? Quantos rios de sangue banharam o Chile e o mundo desde que o ditador soltou as suas garras sanguinárias?

Foi já há alguns anos, mas parece ter sido há momentos. Foi debaixo da capa negra do fascismo que a chacina teve a sua origem, para depois, o mundo assistir silencioso!

A queda de um matador

Quase 20 anos de crimes, vidas que tropeçaram no caminho do Matador, para no instante seguinte se desfalecerem sob o véu do terror. Augusto Pinochet é o nome do assassino do povo, da democracia, da liberdade e dos direitos humanos. Anos volvidos e, a humanidade, finalmente, conseguiu travar a imunidade que injustamente pertencia ao Matador…

O mundo luta há anos por conseguir que Augusto Pinochet seja cruelmente condenado pelos crimes políticos que, de 1973 a 1990, deixaram marcas bem visíveis nos números sanguinários da humanidade. Pinochet vive sob o perfume da chacina, o seu rosto transpira uma falsa moralidade que ninguém pode possuir.

Não após ter cometido os actos a que o mundo assistiu. Não após ter utilizado a via da força, chacina, sangue e morte para alcançar os seus objectivos fascistas.

Hoje, com mais de 80 anos de idade, Augusto Pinochet ainda ergue no seu íntimo os troféus das batalhas que ganhou, esquecendo-se da quantidade de mortes que proclamou e da sede obsessiva que tinha em governar pela estrada fatal da ditadura. Enfim, um verdadeiro semelhante de Adolfo Hitler.

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Pinochet será mesmo julgado pelos crimes políticos cometidos durante mais de 15 anos, após o Supremo Tribunal Chileno ter anunciado, no dia 8 de Agosto deste ano, a perda de imunidade do senador vitalício.

O mundo aplaudiu esta decisão, demasiadamente tardia, que há muito era aguardada pelo Chile, Espanha e por tantos outros países, vítimas dos horrores deste homem. Detido em Londres, a 16 de Outubro, quando ía submeter-se aos exames e tratamentos anuais à sua coluna dorsal, Pinochet foi detido e manteve-se “preso”, cerca de ano e meio.

Libertado após este período, devido ao seu estado de saúde, Pinochet julgou que tudo tinha terminado e a humanidade, uma vez mais, saíu frustada das suas tentativas de fazer justiça ao ditador sul-americano.

A 6 de Março era pedido novo levantamento da imunidade que, após algumas atribulações, foi emblematicamente alcançado. A Europa sorriu. Pelas suas capitais foram muitas as manifestações de alegria, embora nada se possa comparar às manifestações de pesar e de luto que o mundo conheceu no tempo de governação do Matador do Chile.

Será Augusto Pinochet um ser humano? As palavras liberdade ou democracia não constam do vocabulário deste homem. A paz nunca conseguiu chegar perto de Pinochet, porque ele apenas sabia enaltecer o despotismo e a governação ditatorial.

Apoiado ainda por muitos indivíduos (por medo ou por pura convicção?), Pinochet goza ainda de uma irritante serenidade e de um rosto carregado de mortes, que nunca ousou sequer demonstrar ou oferecer arrependimento.

De uma vez por todas, que se faça justiça. De uma vez por todas, esqueçamos as diferenças mesquinhas das ideologias políticas, classes económicas, estatutos sociais, e partamos rumo às leis da justiça e ao pacifismo da humanidade.

Ouçam os familiares das vítimas, as suas lágrimas, os rios de sangue que Pinochet pintou, as arestas cortantes que derrapavam no caminho deste homem, fosse quem fosse que lhe tentasse barrar os seus sonhos fascistas. Pinochet merece o devido castigo! O triste é que, tudo o que se faça é pouco para esse que foi um dos Matadores inatos da humanidade…

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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