Crónica: Compras de véspera já são uma tradição

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Crónica Mulher Portuguesa
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Faltam 20 dias para o Natal, ou seja, faltam exactamente 19 dias para nos lembrarmos de que temos de ir às compras. E não adiantam aquelas promessas de que “este ano tenho tudo despachado antes de dia 15.” É mentira.

Compras de véspera

Quem pensam que enganam? Se isto fosse verdade eu não tinha de levar com multidões em cima no dia 24 de manhã. Sim, porque eu admito que só faço as compras na véspera e sou uma das responsáveis pelo stress pré-natalício nas sociedades consumistas.

Mas pelo menos admito! O pior é que eu deixo para a última da hora convencida de que o resto do mundo vai cumprir o que prometeu e no dia 24 já não vai andar a atrapalhar-me a vida porque já tem tudo comprado. Era bom, era!

Ainda por cima são sempre as mesmas desculpas esfarrapadas tipo “Fiz as compras todas em Novembro, só me faltam duas ou três coisinhas…”. Duas ou três coisinhas que ainda nem sequer foram escolhidas e que implicam uma expedição minuciosa a todas as prateleiras de todas as lojas em todos os centros comerciais.

Uma expedição que deixa todas as vendedoras completamente enfurecidas e desprovidas de espírito natalício, capazes de nos enfiar as compras pela boca abaixo só para se verem livres de nós mais depressa.

Claro que este efeito está intimamente ligado ao fenómeno dos preços. De 20 a 25 de Dezembro fica tudo mais caro só porque as pessoas chegam a tal ponto que dizem simplesmente “Eu quero aquilo, pago o que for preciso se me deixar passar à frente! Deixe estar que eu faço o embrulho em casa.”

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O embrulho é o que menos importa. Lá em casa há sempre papéis cuidadosamente guardados, ainda com os vincos e o laço do presente que embrulhavam originalmente – muitos deles ainda com o presente dentro, guardadinho para oferecer a outra pessoa. Se bem que esta não seja uma prática muito recomendável, pelo menos serve para poupar tempo e dinheiro.

Mas voltemos ao que interessa. Espero que esta breve reflexão tenha servido como um incentivo para que façam as compras a tempo e horas. Nem que seja só para garantir que o espírito natalício perdura até ao Natal propriamente dito e não se perde dias antes, no meio de sacos de plástico, embrulhos e centenas de pessoas furiosas por causa da confusão, dos preços e da antipatia dos outros.

Tenha, desde já, um Feliz Natal!

Cronista da Mulher Portuguesa: Patrícia Esteves Nunes

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