No outro dia deparei-me com uma reportagem, numa revista de conceituada valor, que me fez ficar boquiaberta. Não pelas imagens que a complementam ou pela forma como estava escrita, mas sim pelo tema que, vastamente e detalhadamente, tratava durante algumas páginas. Se calhar não sabia e eu, confesso a minha ignorância nestas questões, também não fazia ideia desta realidade, há espiões no mundo dos negócios.
Espiões no mundo dos negócios
A espionagem no mundo dos negócios e das empresas concorrentes do mercado existe em larga escala. O que significa que, e se está a ler esta crónica no seu trabalho, pode estar a ser observado através de uns binóculos de longo alcance ou ter uma pequena câmara, algures, a observá-lo segundo a segundo.
Parece brincadeira! Muitas das pessoas que estão a ler isto devem achar que sou paranóica e que, se calhar, até tenho a mania da perseguição. A verdade é que isto acontece no mundo dos negócios, com uma assustadora frequência e cada vez mais a popular expressão O segredo é a alma do negócio demonstra a sua verdadeira essência.
Mesmo as empresas de menores dimensões já vão utilizando esta táctica, não só lá fora, como também no nosso país, onde quase nada deste género parece acontecer.(A ingenuidade às vezes prega-nos grandes partidas!).
Por exemplo, e baseando-me na revista onde tive oportunidade de ler a reportagem, fiquei a saber que não é por acaso que aquele sabonete que faz maravilhas à pele, dizem, e que a deixa macia e rejuvenescida, se chama Dove. O popular Dove nasceu exactamente por causa de um novo gelado que iría ser lançado com este nome.
A Effem, que se preparava para lançar o dito geladinho, viu a sua estratégia ir por água abaixo quando constatou que tinha sido lançado no mercado um sabonete baptizado de Dove, proveniente da empresa Lever. O que se passou aqui foi fruto de pura espionagem e de estratégias concorrenciais, motivadas por guerras antigas que originaram um pequena “vingançazinha”.
De facto, não poderiam ser lançados dois produtos no mercado com o mesmo nome. Até porque eu, e acho que concordam comigo, não comia um gelado que me fizesse lembrar um cheiroso sabonete. Digamos que não é muito saudável e, muito menos, digestivo.
Os exemplos de espionagem são mais que muitos, bem como as chantagens, pessoas que se inflitram para obter informações, câmaras ocultas, binóculos de grande alcance. Aliás, existem mesmo pessoas que estão em empresas do mesmo ramo e que vão transmitindo informações e as últimas novidades à empresa mãe.
Uma boa forma de sacar informação da concorrência é a Internet mas, e mesmo com a quantidade de informação aí disponível, apenas uma percentagem muito baixa está disponível. Também não se pode ter tudo e, já que se consegue sacar informações, era o cúmulo conseguir sacá-las na totalidade sentados, à frente de um computador e a ver os cifrões a aumentarem a olhos vistos.
Imagine a seguinte situação que pode acontecer consigo: está sentado à frente do computador, distraído, entregue completamente ao trabalho, e um novato colega vai ter consigo e estabelece uma exaustiva conversa sobre trabalho. Levanta-se para ir buscar um qualquer documento à sala ao lado, até porque precisa de o esclarecer sobre as questões internas, mas esses escassos minutos de ausência podem ser fatais.
As informações já foram absorvidas, e num qualquer canto da sala já pode estar activa um câmara miniatura. Para confirmar tudo isto, na janela em frente ao seu prédio, está alguém a observar todos os seus passos através de uns sofisticados binóculos.
Como se tudo isso não fosse suficiente alguém lhe aparece à sua frente alterado, por causa de um cliente chato e que, por sinal está bem informado, não pára de reclamar e fazer perguntas.
À conversa com o indivíduo, informa-o sobre os serviços, produtos, acessos e condições, na esperança de não perder essse recente e, supostamente, cliente. Com mais alguns estudos detalhados sobre a sua empresa, estrutura, tácticas, estratégias de mercado, orçamentos, investigação de saída de campanhas publicitárias e o acesso a sofisticadas bases de dado, eis que o mistério está desvendado.
O recente colega de trabalho e o hipotético cliente não eram mais que informadores a trabalhar para a concorrência, cujo objectivo é apenas sacar informações, filtrá-las e depois “oferecê-las” à concorrência.
Pode achar estranho, visionamento de filmes de suspense a mais ou loucura da parte de quem lhe está a escrever, mas os testemunhos e os exemplos da história do mercado concorrencial estão aí.
Eu, que não possuo empresa alguma, estou à vontade para situações como estas, mas preocupa-me porque, afinal, também sou consumidora como todas as pessoas. Imagine que, um dia, possa ser lançado no mercado um novo iogurte que era para ter o nome de uns pensos higiénicos, com maior absorção do mercado.
e calhar até já foi! Mas isso são meras especulações e, como diz este ditado agora adaptado por mim a estas situações, “Ouvidos que não ouvem, bocas que não sentem…
Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante