O Rei das bananas, Alberto João Jardim

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Rei das bananas - Ilha da Madeira
Rei das bananas - Ilha da Madeira
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Ele é o maior lá do sítio das bananas! Não tem meias medidas, diz o que quer e faz o que bem entende.

Um ‘diplomata’ dos tempos modernos, longe do conceito tradicional desta categoria, que exibe o seu lado mais vulgar e rude por onde quer que passa. Utilizando uma linguagem banal, demasiadamente ‘arruaceira’ para um político com a sua posição, é vê-lo gritar, beber copos em amena cavaqueira, e até desfilar em desfiles carnavalescos. Tamanha agitação só lhe deve trazer à memória um nome: Alberto João Jardim.

Já repararam bem no carisma daquele homem na Madeira? E na forma ‘corriqueira’ e ‘bairrista’ que tão bem caracteriza os seus discursos? Há quem digaque Alberto João Jardim tem o síndrome do exibicionismo, e não perde uma deixa para mandar umas ‘bacoradas’ lá da Madeira, assim em jeito de ‘Lisboa, eu estou aqui!’.

Este senhor é somente a figura mais importante da Madeira e não há quem de lá o consiga retirar, ou sequer causar-lhe medo. Desde que ganhou as primeiras eleições após o 25 de Abril de 1974, Alberto João Jardim tomou o poder da Madeira e dele nunca mais abdicou.

‘A Madeira, agora, é nossa!-disse recentemente Alberto João Jardim, mas cá para mim o que ele queria dizer é que ‘A Madeira, agora, e sempre, é minha!, embora isto seja uma interpretação minha e como a língua portuguesa não é sempre muito clara… Todavia, a certeza de que este homem tem defendido e zelado pelos interesses da Madeira não se pode negar.

Fá-lo com garra, determinação, embora alguns prefiram chamar-lhe autoritarismo, e não se cansou de dizer, pelo menos nas últimas eleições, que ‘Eu sou a mão do vosso pensamento!’. Não está mal não senhora, mas de certeza que retirou a frase de algum manual de filosofia. Digo eu…

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Vêja-se bem que este senhor ganhou novamente as eleições na Madeira, e com maioria absoluta, e a sua figura naquele território está mais forte que nunca. Mas, e ainda que o seu poder regional seja algo indiscutível, é preciso ter em conta que a sua postura pública entra totalmente em choque com tamanha prova de confiança por parte do povo, que o elegeu novamente.

Alberto João pretende isolar a Madeira, construir um arquipélago com leis próprias, uma constituição personalizada para os madeirenses, criando aquilo a que apelidou de ‘Federação Portuguesa’. Este homem fala de democracia e luta contra os ‘fascistas madeirenses’, os socialistas do arquipélago, mas esquece-se da corrupção que há na Madeira, da pedófilia que por ali abunda e da pobreza que, quer ele queira quer não, continua a existir.

Quando chega ao Continente o partido faz-lhe um vénia, passeia-se pelo país com sarcasmo e ironia, e assim que de cá sai não se cansa de tecer críticas. Por isso, o ‘Rei das Bananas’, como ironicamente lhe chamei (afinal nós cá também temos bom humor, Sr. Alberto João), referiu numa certa entrevista: ‘ Eu não tenho ambições junto daquela gente, onde seria infeliz’.

Dá vontade de explodir e perguntar ‘Então o que é que vem cá fazer?’, mas como somos educados optamos pela indiferença. Sim, porque caso não tenha percebido ‘aquela gente’ sou eu, você e mais uma quantidade infindável de portugueses!

O fosso cravado entre a Madeira e Lisboa é cada vez maior, graças à ‘mão do pensamento’ madeirense. Espero que esta situação não tome proporções avantajadas, porque uma coisa é governar e outra é instituir o absolutismo.

Qualquer dia passamos a ouvir Alberto João Jardim a recordar velhos tempos ditatoriais proferindo o típico ‘Orgulhosamente sós!”, e aí a situação toma proporções mais drásticas. Julgo que para alegrar a coisa só mesmo levando o governante laranja a desfilar no Carnaval, vestindo a rigor uma fantasia muito vistosa, porque ele é sempre a atracção principal e a pessoa mais popular. Talvez o ‘bobo da corte’, mas isso é melhor deixar ao critério de cada um…

Tanto exibicionismo não é nada positivo, e nessa situação o povo pode virar-se e passar a considerá-lo persona non grata. Lá se acabam as jantaradas, os copinhos de whisky, os desfiles de Carnaval, os ‘insultos à Mr. Jardim’, e toda a vulgaridade que rodeia o governante da Madeira. As bananas ficavam lá, mas o Rei é que deixava o trono. Já agora, iría ele para perto da gente que o faz infeliz? Uma questão, por agora, sem resposta…

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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