Como fazer funcionar os independentes? Não se poderá alcançar uma unidade nacional livre de clientelas partidárias? Parabéns à equipa de cultivo de imagem de Durão Barroso. Finalmente vêem-se os resultados. Gostei de ver esses progressos na postura, no tom de voz, no olhar mais seguro, na abordagem mais concisa dos temas.
Houve de facto muito trabalho realizado. Talvez assim se compreenda porque razão é que o PSD tem estado tão inactivo e um pouco à deriva, é que o chefe andava em lições (como os professores são afinal tão necessários!!).
Pois é, mas quando o PSD, coloca o seu interesse próprio, leia-se o ter uma maioria que permita, de novo, satisfazer as exigências do clientelismo e haver a substituição das moscas, por que a ……. será a mesma, então todo o trabalho de Durão Barroso terá sido em vão.
É que se, de facto, o PSD acha que tem capacidade para resolver a situação do país (e não pretende apenas atingir o poder), deveria ser coerente e apresentar personalidades capazes de trabalhar e ter soluções, e apresentar-se a eleições. A ideia que se vai generalizando de “deixar os socialistas beber o cálice de fel que encheram até que desfaleçam por si próprios”, não é própria de bons políticos, tal como eu entendo a política.
A política é um serviço ao país. Que nessa tarefa existam benesses, é natural, não se pode exigir um trabalho de voluntariado e desinteressado, até porque é duro e muito exposto à crítica, mais do que acontece em qualquer outra actividade.
É verdade que pela força das circunstâncias e deformação profissional um contabilista sabe melhor como lidar com o fisco, um médico move-se sem dificuldade no campo da saúde, um professor sabe como melhor preparar os seus filhos para os exames, um polícia dificilmente pagará multas de trânsito mesmo apanhado em flagrante transgressão, um empresário abre mais facilmente caminho profissional para os seus filhos, etc., então porque não aceitar que também na área da política exista alguma troca de influências… Mas, alto lá, se ir para a política com esse único objectivo é a intenção!
Faz-me lembrar um miúdo de 17 anos, toxicodependente, cuja mãe, cansada de correr seca e meca, de desintoxicações frustrantes e caras, veio desabafar e tentar encontrar (!!??) uma solução, que, quando lhe perguntei que profissão queria seguir, me disse “Polícia”. Perante a minha admiração (pois não andava ele a ser perseguido pela polícia – naquela época, claro) ele respondeu simplesmente “É que na polícia há muita droga, eles apreendem-na e depois ela fica lá …”
É difícil lutar contra tantos interesses estabelecidos, mas se houver coragem para os enfrentar e para frontalmente os explicar à população, as pessoas utilizarão os seus neurónios e saberão o que fazer. Precisamos de políticos que se interessem realmente pelo país. Que sejam espertos e desapegados do poder. Como Guterres parecia no início.
O que lhe aconteceu? Cansaço? Então, em nome do país, por favor deixe o seu lugar, não alimente os apetites devoradores dos membros do seu partido. Mas para Durão Barroso o caminho não é fácil, pois todos nos lembramos ainda do 10 anos do cavaquismo, que abriu caminho ao yuppismo desenfreado.
Como fazer funcionar os independentes? Não se poderá alcançar uma unidade nacional livre de clientelas partidárias?
Dra. Manuela da Silva ( CPCIL )