Há sempre rituais que pode seguir na noite de passagem de ano para que o ano seguinte seja bem melhor. Mas, e se o ritual não for cumprido daquela forma? O drama é que ninguém consegue explicar se dá ou não resultado…
Passagem de Ano
Confesso – a noite de passagem de ano é uma das minhas preferidas. Ao contrário de muitas pessoas, que passam os minutos seguintes às doze badaladas a prometerem coisas que jamais vão cumprir, eu sou um pouco diferente e fico-me mesmo pelo desejo de conseguir isto ou aquilo.
Com muito esforço, claro está, mas também com o empurrãozinho dessa entidade que parece conseguir gerir, em parte, o rumo das coisas. E, olhem que, às vezes, isso é mesmo possível! Certamente já ouviu falar de grande parte dos rituais que se cumprem na noite de passagem de ano para que consiga conquistar aquilo que mais deseja, e com certeza você não dispensa alguns deles. Vá, pode confessar que a hora assim o obriga!
O leque de superstições é tão amplo que quase fico sem saber qual a mais viável para conseguir conquistar de vez o Kevin Costner, comprar aquele carro que ando a namorar há tanto tempo, ou ser finalmente promovida no emprego. Verdade ou não, o certo é que você, que já deve ser bem crescida, devia começar a acreditar mais em si e não neste tipo de coisas. Não estando provado o contrário, todos os rituais em torno da passagem de ano podem até ser reais. E, pensando bem, estou até a lembrar-me de uma ocasião em que tive certos cuidados e as coisas tiverem o desfecho pretendido!
Seja como for, você pode até seguir algumas dessas superstições, mas não se deixe embriagar totalmente pela força que uma simples cor de vestido pode ter, uma romã, ou o episódio dos três pulos no ar. Faça-os com o merecido respeito, mas acreditando sempre nas suas capacidades!
Por exemplo, há quem diga que nunca deve discutir no primeiro dia do ano novo, mas caso apanhe um daqueles nabos que cada vez mais andam na estrada não tem porquê se acanhar! Se lhe apetecer mande-o ir passear àquele sítio ou chame-lhe o que bem lhe apetecer. Possivelmente, a ressaca dele será tal que nem vai ouvi-la!
Diz-se também que quantas mais felicitações a pessoa receber na noite de passagem de ano, mais amplo será o número de amigos fiéis no ano seguinte. Ora, e agora pergunto eu, e se a pessoa quiser ir passar a noite com o namorado num sítio isolado, só os dois? Isso quer dizer que não vai ter mais amigos?
O problema deste tipo de superstições é este: ninguém explica as coisas como deve ser. Afinal, existem ainda muitos casais que preferem ter uma passagem de ano mais privada do que uma festa de amigos. Enfim, meras opções…
Comenta-se também que se a primeira visita do ano for um homem isso será um sinal de sorte. Por isso, já sabe: telefone ao homem do gás, a um amigo seu, ao vizinho de cima, a alguém, desde que seja homem. Mas, e se a pessoa viver com o marido a coisa também resulta? É este tipo de coisas que não compreendo, mas que ninguém explica!
Essa história de não usar roupas apertadas na noite de passagem do ano, pois pode querer indicar a chegada de dificuldades no ano seguinte, também não está muito bem. Então uma pessoa, para uma festa ali na linha de Cascais, vai com o fato de treino ou com o saco de batatas vestido?
O “justo” é sempre sinónimo de elegância, quando não em demasia, o que poderá significar que é pelo facto de recorrermos tantas vezes a coisas justas para o nosso vestuário que andamos sempre com dificuldades. Será que é isso?
Essas coisas das superstições são mesmo estranhas. Então não é que andar com uma folha de louro o ano inteiro na carteira atrai dinheiro? Já se está mesmo a ver: o senhor chega ao café e pede um galão, mas eis que ao abrir a carteira cai a dita da folha de louro. No dia seguinte aparecem umas quantas dívidas, mas a culpa será de quem? De ter perdido a folha de louro, claro!
Mas, e se colocarmos lá outra folha a meio do ano?
O efeito manter-se-á daí em diante? Caramba, é que ninguém explica estas coisas! Fala-se também que o facto de se subir para cima de um banco à meia noite, com o pé direito, trará a sorte até si. Mas, e aí vai mais uma pergunta, se a pessoa cai enquanto sobe a culpa é de quem, do banco ou da bebida?
É que estas coisas, e ainda que possam ser meros pormenores, são muito importantes! Ah! Dizem também que passar a passagem de ano com os bolsos sem dinheiro nenhum é sinal de que essa situação se manterá no ano seguinte. E, digam-me lá o que é que eu faço se não tiver bolsos no vestido? Invento uns? Percebem agora porque é que as superstições nem sempre dão resultado? Exactamente porque não há solução para estes contratempos!
O importante é que se divirta ao máximo nesta passagem de ano, onde quer que seja, na companhia daqueles que mais gosta. Dar azo a todas estas superstições pode ter o seu lado positivo, mas pode igualmente ser a forma mais simples de se desculpar pelo facto das coisas não terem corrido como havia planeado.
Lógico que se tiver falta de dinheiro vou-me desculpar com a folha de louro, ou se tiver novamente azar em algumas áreas que englobam a minha existência vou-me desculpar com aquela peça de roupa que não comprei ou com os três pulos que não dei à meia noite.
É fácil desculparmo-nos com coisas que não dependem de nós, mas é preciso termos a noção que cabe a nós mesmos grande parte da nossa realização. E acredite que isto ninguém precisou de explicar!
Um Feliz e Próspero Ano Novo para todos!
Cronista Mulher Portuguesa: Ana Amante