Regresso às aulas … também para os professores!

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Já é um lugar comum nos dias de hoje, dizer que ser professor é uma profissão de elevado risco e de desgaste rápido, mas podemos e devemos sempre tentar lutar contra este vaticínio terrífico.

As estatísticas da saúde mental dizem-nos que os professores são um dos sectores profissionais que mais pede ajuda para ultrapassar as dificuldades com que se confronta, embora eu não esteja segura que seja a classe profissional que mais necessitaria dessa ajuda.Seguramente, não é a única, mas talvez estes profissionais estejam mais sensibilizados para o fazerem.

São diversos os motivos que contribuem para o “stress” dos professores, nos quais podemos incluir a precariedade do emprego (para alguns), o estar pouco familiarizado com as matérias a leccionar (para outros), ou ter poucos conhecimentos sobre os processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças e jovens, o excesso de horas de trabalho, as condições de trabalho deficientes, a indefinição do papel da escola e dos professores, a falta de educação e outras violências…

Claro que ser professor também é uma profissão muito gratificante.Ela propicia um contacto fabuloso com os mais jovens, permitindo partilhar os saberes e as vivências de cada um.É lindíssimo ver a evolução dos alunos, e verificar que em conjunto se conseguiu produzir qualquer coisa importante.

Mas ser professor…, bom professor…, também é estar disponível para grupos de 20 ou 30 alunos, que por vezes mais do que aprenderem as matérias precisam de aprender a viver bem.E isso só pode ser ensinado pelas pessoas, que pelo menos se esforçam por o fazer (mesmo que ainda não o tenham conseguido).São elas o modelo que os alunos podem e querem seguir.Actualmente, são muitos os jovens que sentem que não vale a pena crescer, estudar, escolher uma profissão, pois à sua volta eles ouvem promessas de um futuro difícil ou mesmo tenebroso.Eles precisam de encontrar pessoas que “não douram a pílula”, mas que apesar de reconhecerem as dificuldades, acreditam na capacidade que têm para as ultrapassar, e agem nesse sentido.

Ser professor é estar muitas horas em contacto com muita gente, que precisa de muita atenção, durante muito tempo.É ter que dar muito, por vezes sem receber nada em troca naquela hora, mas só ao fim de uns meses ou anos, quando se vê um aluno a ter gosto em aprender, ou quando ele ganha autoconfiança e se arrisca em “voos mais altos”, ou quando uns anos depois ele menciona o quanto foi importante ter sido seu aluno.

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Mas como a vida não se faz só de dádiva, os professores também precisam de receber. Só que na maior parte das vezes não são os seus alunos que os vão recompensar a curto prazo.

Há muitos anos que eu sinto que as profissões que implicam dádivas com efeitos a médio/longo prazo, exigem que tenhamos uma vida pessoal e social muito gratificante.Em prol da saúde mental, temos a obrigação de conhecer as nossas necessidades e de zelar para as satisfazermos.Se me é permitida uma sugestão, seria bom reservarmos um tempo da nossa vida (todos os dias de preferência) para fazer outras coisas que nos dão prazer, para estar com as pessoas que nos podem dar ao mesmo tempo que recebem, para descobrir formas de repouso para além das horas de sono, e também para nos permitirmos a estar sem ter que “dar”.Em suma, reservar tempo para “carregar as baterias” e poder regressar às aulas com ânimo, alegria, gozo e vontade de ser e fazer melhor. A todos os professores, envio os meus votos de um feliz ano escolar.

 

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