A dor e a tristeza de quem nos é próximo é difícil de suportar.
Muitos de nós tendem a afastar-se ou a pedir encarecidamente ao outro, que não chore, que se controle, que tenha força, que tenha coragem ou então, dizemos com mais ou menos convicção, que o tempo cura, que está tudo certo, que foi melhor assim, não penses nisso, vais ver que tudo vai correr bem …até são palavras sábias mas ditas no momento em que o outro precisaria acima de tudo, de viver o que sente, pode ter um efeito contraproducente.
Os outros são também um espelho de nós próprios e quando convivemos com alguém que está num momento doloroso da vida, sem querer, e sem consciência, somos transportados para as nossas próprias feridas e cicatrizes ou para os nossos medos e terrores.E como todos nós desejamos acima de tudo ser felizes, queremos fugir de tudo isso, acabando por nos afastarmos de nós e dos outros.
Alguns de nós ainda agem assim, tentando que o outro dê rapidamente a volta ao sofrimento – e fazê-mo-lo com a melhor das intenções para o ajudar a reagir e a continuar a vida – mas dar-lhe (e dar-mo-nos) um espaço, um tempo e uma boa companhia, (nem que seja a de nós próprios) poderá ser mais saudável e humano.Há muitos momentos na vida em que o mais adequado é estar triste, amargurado ou angustiado.Se juntarmos a tudo isto o desamparo de quem não tem um ombro amigo, e a pressão para fingirmos sentir o que não existe, a situação fica ainda mais dolorosa.
Afinal, é muito bom ter um ombro amigo, e que nos aceitem também quando estamos com dores na alma.viver o que é verdade em cada momento, também é uma forma de respeito por nós próprios e pelos outros.