A Mulher Portuguesa mergulhou numa viagem ao mundo do oculto, em plena Costa da Caparica. A conversa foi longa e o nosso entrevistado, Zetor, seguidor da linha dos mágicos do século XIX, explicou-nos exatamente o que é isso do Oculto.
Zetor e o mundo do oculto
As coisas do oculto sempre suscitaram interesse ao ser humano, mas por medo ou falta de informação era comum as pessoas desligarem-se desses factos. Porém, a Mulher Portuguesa quis saber mais, e foi até ao encontro de Zetor, um conhecedor da doutrina Wicca, residente na zona da Costa da Caparica.
Começamos por perguntar a Zetor, possuidor de uma página na Internet, o que é isso do oculto: ‘Tudo aquilo que está para além de nós, que ainda não é explicado pela ciência e que tem a ver com o desenvolvimento e as capacidades do ser humano, está relacionado com o ocultismo. Até esta altura tem sido escondido, negado e, em diversas situações, perseguido pela ciência e pela nossa igreja oficial’.
O interesse do nosso entrevistado por esta área já vem de muito longe: ‘Comecei a interessar-me quando li uma coleção de livros de psicologia, onde havia a referência ao relaxamento muscular e mental, que é uma forma de meditação. Comecei a dedicar-me a isso e, mais tarde, ao hipnotismo. Fui comprando livros e interessei-me cada vez mais por estas coisas do oculto.
Actualmente, já tirei dois cursos pela Internet e estou a pensar em tirar mais um curso, nomeadamente de Tarot, através da Internet, porque cá fora não há nada de especial’- explicou Zetor. O nosso entrevistado acrescentou ainda à Mulher Portuguesa a importância da Internet: ‘Há muitos anos tinham tudo escondido. Só na década de 60 é que deixaram de ser perseguidas as bruxas na Inglaterra, mas a sabedoria foi passando de pais para filhos.
É com a Internet que está realmente a aparecer todo esse conhecimento, através de muitos sites e trocando-se experiências entre as pessoas.’O universo do oculto está repleto de conceitos temidos por muitas pessoas. Bruxo, magia, S. Cipriano ou demónio são alguns dos temas que fazem o ser humano tremer quando evocados. Mas, Zetor acalma-nos quanto a alguns deles, explicando que ’o conceito de bruxa é dado aquela mulher do povo, que faz mezinhas, sem qualquer cultura, e que recorre a livros como o de S. Cipriano,
Mas, as bruxas são também conotadas como as pessoas que, por exemplo, nas aldeias tratam das ervas e que fazem curas. Contudo, a bruxa pode ser aquela pessoa que faz contratos com o demónio, tem uma verruga no nariz, é feia, que anda sempre com uma vassoura e que é má. Mas, na realidade, a bruxaria não tem nada a ver com isso. São sim, pessoas seguidoras da religião Wicca, onde o aspecto de adoração ao demónio não tem sentido em aplicar-se.
È uma religião boa, dedicada às pessoas e natureza, e há uma contra-informação muito grande. Por isso, é que as pessoas não estão esclarecidas ’Tudo aquilo que sabe aprendeu-o em livros brasileiros ou em manuais que mandou vir de Inglaterra. Em Portugal, segundo Zetor, havia ainda algumas divulgações mas com pouco conteúdo, pois os livros referentes a essas áreas tinham que ser mandados vir do estrangeiro.
Este pré-reformado bancário, pretende começar a dedicar-se às coisas do oculto, até porque tem tido muita procura. A única coisa que cobra é a realização de mapas astrais. Todavia, o que é que as pessoas mais pedem quando se dirigem a ele? Zetor prontificou-se de imediato a responder, sem qualquer hesitação: ‘ Os clientes são sempre mulheres entre os 20 e 30 anos.
Habitualmente, pedem-me muitos conselhos, outras vezes estão numa situação monetária difícil e querem ajuda, mas em muitas situações querem feitiços, ou seja rituais, para adquirir coisas no campo amoroso: pedir que o namorado volte ou que não saia tanto.
Mas, o que as pessoas mais querem é ‘Eu quero ser bruxo’, porque a minha página tem um teste desse género, embora o que lá esteja seja algo muito básico. Quando recebo esta solicitação envio um folheto com algumas indicações complementares, mas normalmente as pessoas já não me escrevem mais.
A leitura de cartas do Tarot e saber o futuro é mais um das solicitações frequentes. ’Uma das coisas pelas quais as pessoas tanto procuram Zetor é por motivos amorosos. Umas querem reaver o namorado e outras conquistarem alguém, mas nem sempre Zetor as ajuda, pois para ele o sentido de justiça é muito importante.
O nosso entrevistado garantiu-nos que ‘há pessoas que expõem o problema por email e que eu nem chego a conhecer, embora outras se dirijam a mim. Mas, apenas faço esses rituais quando se tratam de coisas justas: por exemplo, se for uma pessoa que o namorado apenas vai ter com ela ao fim de semana para satisfazer as necessidades sexuais. Por isso, eu só faço esses rituais se for para algo que acho justo.’Para atingir o objectivo amoroso Zetor realiza um ritual ou, se quisermos, um feitiço de amor.
A respeito dos vários passos e características que compõem um feitiço de amor, Zetor explicou-nos que ‘tenho que saber características da pessoa para aumentar a emoção da mesma, de forma a abrir o sector onde estão as suas capacidades paranormais.
O feitiço de amor
O feitiço de amor é feito à sexta feira, que é o dia de Vénus, e há duas horas indicadas para ser feito, mas isto varia consoante a estação em que estamos.
O feitiço tem que levar velas, cuja cor varia consoante o desejo. A fotografia, pedaço de roupa, unha ou cabelo é ainda mais eficaz porque se liga o que está a fazer à pessoa.
Mas, posso também fazer o tal ‘bonequinho’, feito de um material tradicional, que serve para a pessoa que me pediu o feitiço ter diante de si uma forma de visualização o mais exacta possível da pessoa a quem está a dirigir o ritual.
Depois, quando tiver tudo preparado, faço a oração, que tem a particularidade de ir num crescente emocional e que acaba geralmente na fase onde é lançado o tal apelo emocional.
Quando a pessoa que pediu o feitiço fica vazia, estagnando emocionalmente, é sinal que a mensagem foi transmitida. Há como que uma falta de vontade de estar a fazer aquilo e isso, à partida, é um indício de que as coisas correram bem.’Um das coisas sobre a qual o povo mais fala, para além dos feitiços, é do tão popular mau olhado.
Zetor elucidou-nos sobre este: ’Uma pessoa que por razões de maldade ou inveja tenha a capacidade de projectar esse género de sentimentos pode conseguir prejudicar a nível psicossomático a outra pessoa. Nas aldeias do interior qualquer coisa é mau olhado. Portanto, há aqui um género de sugestão porque também não estou a ver aparecer o mau olhado a tanta gente. Qualquer pessoa pode ter dores de cabeça ou sentir-se mal.
A solução na cidade é tomar um comprimido, mas na província as pessoas vão logo achar que o motivo é outro. O mau olhado existe mas, se calhar, há um grande exagero na província’. Curiosos por natureza, quisemos saber qual a fórmula para descobrirmos se fomos alvo de mau olhado ou de feitiço.
Zetor declarou que ‘pode ser descoberto através do método tradicional que é colocar gotas de azeite numa tigela com água, e depois ver se o azeite espalha ou não. Este é um método popular, mas uma das formas da pessoa saber se está com algum feitiço é sentir que está a ser levada a fazer uma coisa que não quer.
Isto é, tem procedimentos que em princípio não teria, sentindo que faz algo para o qual está a ser obrigada. Isto pode ser um indício de feitiço, porque houve uma grande mudança comportamental. ’Zetor dirigiu a conversa de forma calma e descontraída.
A reencarnação
Confrontado com a hipótese de reencarnação, acrescentou que ’acredito nas coisas quando tenho 90% de provas. E, em relação a vidas passadas, eu não tenho provas, não cheguei a nenhuma conclusão. Sou agnóstico, pode ser que sim ou pode ser que não, e como isso não tem influência na minha forma de estar na vida…’.
Advertiu-nos para as inúmeras falcatruas que por aí se fazem. Pessoas que cobram quantias desenfreadas para realizar ‘trabalhos’ fáceis, alguns impossíveis e outros que tão pouco executam. Na sua página da Internet Zetor fala sobre numerologia, feitiços de amor, a importância da lua, os astros, a leitura das cartas astrais ou a leitura da cor das velas. Viajar ao mundo do oculto é algo aliciante, mas exige uma grande concentração e muito respeito pelas questões do oculto.
Abandonámos a Costa da Caparica, certos de que a qualquer pessoa os feitiços ou maus olhados podem atingir, desde que sejam feitos da forma correta e por pessoas que tenham essas capacidades. Aos leitores, sugerimos que visitem a página deste seguidor da magia Wicca e descubra o que o oculto pode fazer por si.
Parece que o velho lema de que ‘yo no creo en las brujas, pero que las hay, hay!’ faz cada vez mais sentido!