A Mulher Portuguesa foi conversar com o Dr. Neves e Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa.
A Sociedade Portuguesa de Menopausa foi criada há cerca de seis anos, mas só começou a entrar realmente no activo dois anos após a sua fundação. Na Presidência fomos encontrar o Dr. Neves e Castro, e foi com ele que a Mulher Portuguesa foi ter para uma conversa acerca dos problemas e riscos da Menopausa.
Sociedade Portuguesa de Menopausa
Presidida pelo Dr. Neves e Castro, existe há cerca de seis anos. Após algumas dificuldades e problemas de instalação, bem como de funcionamento, o grupo de profissionais de medicina que constituem a Sociedade Portuguesa de Menopausa conseguiu, finalmente, arrancar com o projecto.
O motivo para a constituição de uma entidade deste género, que o Governo ainda não reconheceu, é simples. O Dr. Neves e Castro contou à nossa revista que é cada vez mais importante a medicina da mulher, ou seja, hoje em dia a ideia de que o homem e a mulher são o mesmo corpo está completamente ultrapassada. A medicina da mulher engloba capítulos específicos, desde a contracepção, à fertilidade, até aos problemas e riscos da Menopausa. Isto justifica que exista um grupo específico dedicado à formação de profissionais de saúde, para apoio das mulheres a partir da altura da menopausa.’
Consciente que a população portuguesa está a envelhecer, o Dr. Neves e Castro salienta: ‘A mulher sobrevive em média mais 8 anos que o homem, mas mais de um terço de vida da mulher é passado Pós-Menopausa. ’Pontos e questões como as anteriores levaram a que a Sociedade Portuguesa de Menopausa brotasse, conjugando numa mesma organização duas funções.
Porém, foi necessário encontrar outra solução, como explica o nosso entrevistado: ‘A sociedade tem tentado fazer a formação de profissionais de saúde e, ao mesmo tempo, dar informação ao público. Tivemos um jornal da Menopausa que saiu várias vezes, e actualmente temos também uma página na Internet https://www.spmenopausa.pt.
Como ambas as funções não conseguiam estar centralizadas na mesma organização, foi criada recentemente a Associação Portuguesa para a Saúde da Mulher, composta por mulheres que não são médicas, mas que já colheram os benefícios da medicina em relação à Menopausa. O objectivo é transmitir essa mensagem a outras mulheres.’
A Mulher Portuguesa quis saber o que as mulheres mais perguntavam quando se dirigiam à Sociedade Portuguesa de Menopausa, e as perguntas constituiram alguma surpresa. Vejamos o que o Dr. Neves e Castro nos contou: ‘Em primeiro lugar, perguntam muito se a Menopausa é preciso tratar-se, isto porque se convencem que a Menopausa é uma doença, e na verdade não é.
Há sintomas que são conhecidos de toda a gente, desde insónias, afrontamentos, calores, irritabilidades (…), e isso é objecto de cuidados específicos. Depois, também perguntam muito se tomar hormonas lhes faz aumentar o peso ou crescer o buço, ou ainda se provoca o cancro. Estas perguntas surgem porque a Imprensa lança notícias alarmistas e não fundamentadas, e é normal que as pessoas sintam necessidade de perguntar.’
A Menopausa é um processo natural em qualquer mulher, mas há umas que têm mais problemas que outras. O Dr. Neves e Castro, de voz pausada e determinada, mencionou à Mulher Portuguesa quais as consequências da Menopausa: ‘A Menopausa deve ser encarada a partir de duas vertentes: a curto e a médio-longo prazo.
A curto prazo são os sintomas: dores de cabeça e nos ossos, humor depressivo, dores de cabeça, insónias, irritabilidade, entre tantas outras. Estes aspectos assustam a família e a própria mulher, pois não estão habituados a comportamentos deste género, e nestes casos parte-se para a medicação, hormonal ou não, que tem como objectivo o alívio dos sintomas. Depois, é necessário uma avaliação minuciosa para saber se a mulher vai continuar a fazer o tratamento e por quanto tempo.’
Os riscos da Menopausa englobam-se em duas grandes áreas: as doenças cardiovasculares e a Osteoporose. Com a Menopausa os riscos são muito superiores, mas há a possibilidade de serem modificados, a partir de uma intervenção adequada.
O Dr. Neves e Castro argumenta que ‘o efeito preventivo é da ordem dos 50% para as doenças cardiovasculares, de 30 a 40% em relação à Osteoporose, e também com efeitos muito favoráveis em relação ao cancro do cólon e, como é óbvio, essa intervenção contribui para uma óptima qualidade de vida. Mas, se a qualidade de vida é boa essa intervenção duradoura não é necessária, bastando haver uma vigilância médica.’
Para além dos tratamentos a que a Menopausa pode ter que obrigar, deve haver uma modificação dos hábitos e estilos de vida das pessoas. Segundo o nosso entrevistado, o estilo de vida deve ser reformulado: ’A pessoa deve fazer exercício físico, como por exemplo andar todos os dias cerca de 30 minutos, e assim não necessita ir para um ginásio. A alimentação deve ser saudável, com pouco consumo de carne e muito mais de peixe, muitos frutas e vegetais, tomates, alfaces, broculos, e até soja.
Deve comer muitas vezes e pouco de cada vez, evitando o arroz, as batatas e o pão em excesso, até porque este último contribui também para um aumento de peso.’ O Dr Neves e Castro sublinhou ainda que a pressão arterial deve ser verificada regularmente, fazer análises periódicas para controlar o colesterol, evitar fumar e, se possível, deixar mesmo este vício.
Os fundos monetários que a sociedade possui provêm apenas das quotas que os sócios pagam, e da quotização de sócios benfeitores. O Governo nunca lhes forneceu dinheiro para nada, e quanto a esta questão o nosso entrevistado constata que ’estamos a pedir o reconhecimento de Utilidade Pública, o que nos permitirá sermos abrangidos pela Lei do Mecenato, em relação a subsídios que nos possam ser fornecidos. Até à data ainda não o conseguimos, mas só não percebemos porque é que um Clube de Futebol é de Utilidade Pública e não paga impostos, e nós não temos nenhum desses privilégios.’
No futuro, a Sociedade Portuguesa de Menopausa desejava que em todos os Centros de Saúde houvesse consultas de Menopausa, conjuntamente com um alargamento do corpo de enfermagem, dando um maior apoio aos doentes que até lá se deslocassem nesse sentido. O Dr. Neves e Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa pretende ainda que a Associação Portuguesa de Saúde para a Mulher motive o mais possivel a mulher, para que esta se sinta com mais necessidade de ser informada.
Finalmente, e após esta vasta explicação relativa à Menopausa que o Dr. Neves e Castro nos concedeu no seu consultório, duas frases do nosso entrevistado merecem o devido destaque da Mulher Portuguesa: ‘Temos que insistir cada vez mais com o Governo para reconhecer os seus deveres!’ A outra frase trata-se de uma forte crítica à imprensa, já que esta nunca se mostrou interessada nesta organização, que não podemos deixar passar em branco: ’A Menopausa é um assunto menos importante para a Imprensa que o Big Brother!’. Certamente, dá que pensar..
Nota: Qualquer dúvida desta entrevista, relativamente à menopausa, pode ser esclarecida através da página da Sociedade Portuguesa de Menopausa, no endereço referido na entrevista ou ainda no endereço https://welcome.to/spmenopausa.