Em Portugal, os movimentos contra o regime tiveram a sua maior incidência entre 1926 e 1933 e causaram 499 mortos e 1250 feridos, com vários milhares de presos e uma greve geral no dia 18 de Janeiro.
A greve geral de 18 de Janeiro de 1934 ou a “greve revolucionária” como foi definida na altura, atingiu a maior projeção na Marinha Grande, mas estendeu-se a todo o país, ainda que de forma não programada e algo confusa. Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Vale do Cordo, Anadia, Setúbal, Sines, Almada e outras foram os pontos por onde o descontentamento pelas condições de trabalho se fizeram sentir através de diversas ações.
Greve geral de 18 de Janeiro de 1934
A greve geral foi despoletada com a publicação, em Setembro de 1933 do Decreto nº 23 050 pelo Governo de Salazar, que acabava com os sindicatos livres e impunha os sindicatos corporativos, sob tutela do Estado.
Até 31 de Dezembro, todos os sindicatos existentes teriam de transformar os seus estatutos de acordo com a nova lei, ao passo que os sindicatos dos funcionários públicos eram simplesmente extintos.
Na altura existiam 754 sindicatos mas apenas 57 aceitaram a nova lei. Os restantes uniram-se na elaboração de um plano de luta nacional pela Frente Única, composta por sindicatos comunistas (CIS), anarquistas (CGT), socialistas (FAO), autónomos e trabalhadores do Estado.
A greve geral na Marinha Grande
O protesto levou à ocupação de vilas, como aconteceu na Marinha Grande, ou à proclamação do estado de sítio com o encerramento de casas comerciais e a proibição da circulação na Baixa lisboeta, para além da revista a pessoas e carros.
Em Coimbra, os trabalhadores ocuparam a central eléctrica e deixaram a cidade às escuras, e em Braga e Póvoa de Santa Iria houve descarrilamentos de comboios e cortes de energia.
Chelas teve a sua esquadra de polícia ocupada e a fábrica de pólvora assaltada. No Barreiro, Silves, Seixal, Almada, Alfeite, Cacilhas e Setúbal ocorreram diversas manifestações operárias, reprimidas pela polícia com cargas sobre os manifestantes.
Para dar resposta a esta crise, o Governo concentrou-se no Governo Civil de Lisboa, onde se foi juntar António Salazar.
No dia 19 de Fevereiro, o Governo decreta que os trabalhadores grevistas não podem ser readmitidos ao trabalho, e considera esta ação tão grave como um acto revolucionário.
Abate-se a repressão sobre os grevistas, com centenas de prisões, deportações para os Açores, Madeira e África, na Foz do Cunene, a sul de Angola, num campo de concentração criados especialmente para sujeitar os principais responsáveis pelas greves, e mais tarde foram enviados para o Tarrafal. Para os menores de 18 anos envolvidos, o castigo foi o internamento em colónias correcionais e militares. Os funcionários e militares foram demitidos dos seus cargos.
A greve revolucionária
Esta greve foi também um movimento de protesto contra a deterioração das condições de vida miseráveis e contra o regime fascista. A derrota do movimento operário, concluiu a formação do Estado Novo, instituído a 28 de Maio de 1926.
No entanto, não se tratou de um caso isolado, antes fez parte de um processo europeu de confrontação entre o movimento operário e as ditaduras que grassavam pela Europa, com lutas e combates de rua entre 6 e 12 de Fevereiro em Paris e 11 a 16 do mesmo mês na Áustria
Em Portugal, os movimentos contra o regime tiveram a sua maior incidência entre 1926 e 1933 e causaram 499 mortos e 1250 feridos, com vários milhares de presos.