Há quem fale de um movimento feminista ao longo dos tempos que se consolidou nas décadas de 30 e 40. Mesmo que a palavra “feminismo” seja exagerada, a verdade é que muita coisa mudou.
O feminismo ao longo dos tempos
A mulher foi sempre considerado um ser inferior. A reprodução, o trabalho doméstico, tomar conta dos filhos, eram as únicas funções que estavam implícitas ao papel feminino.
O direito ao voto, ingressar nas instituições escolares, trabalhar fora de casa, por exemplo, foram vitórias conseguidas apenas nas décadas de 30 e 40 do século passado, embora longe dos padrões de hoje em dia.
A partir dessa data, as mulheres passaram a gozar de outra liberdade, até então negada, ainda que distante dos seus reais desejos de vivência social.
A II Guerra Mundial teve uma particular importância para a expansão da importância dada ao papel feminino no mundo laboral. Com os homens a partirem para a guerra, houve necessidade de encontrar novos meios de sustento que pudessem preencher as lacunas económicas dessa época. Por isso, a presença da mulher no mercado de trabalho tornou-se muito mais do que uma mera hipótese.
Já que os homens partiam para a guerra, as mulheres tinham que assegurar o sustento e o evoluir da economia, não só do país, como para sua própria subsistência. A mulher assume, assim, uma importância vital que até essa altura estava totalmente camuflada.
O fim da guerra vem novamente cavar um fosso entre os papéis do homem e da mulher na sociedade. Assim, à mulher são novamente atribuídas as funções do lar, por forma a que o homem possa ocupar o seu papel laboral. Uma vez mais, a desvalorização do trabalho da mulher fora de casa é evidenciada e o homem assume o papel de sexo forte.
Aliás, essa luta de forças entre homens e mulheres foi sempre uma constante, havendo sempre uma necessidade do homem se definir como ser superior à mulher.
Só mais tarde, na década de 60, as mulheres voltariam a assegurar o seu papel na sociedade, ainda que limitado, e atingir metas às quais há muito tempo se haviam proposto.
A década de 60 ficou marcada por uma ampla reflexão do papel das mulheres na sociedade, bem como a análise das raízes das diferenças entre os sexos, não só na sociedade geral como também ao nível de classes sociais.
Transportaram-se para a realidade novas formas de luta que até então tinham existido apenas na teoria, e a própria informação veiculada pela escrita, media e literatura, contribuiu bastante para que a análise a essas diferenças chegasse a todos.
Na literatura, houve diversas escritoras que não hesitaram em escrever sobre o tema, o que fez com que tamanha proliferação do assunto originasse aquilo a que se veio chamar de movimento feminista. Na realidade, tratava-se apenas de libertar a mulher do rótulo de antigamente!
As diferenças sexuais, laborais, sociais, e a discriminação em relação às mulheres nos diversos campos da sua vida, tornou-se assunto da praça pública. Analisou-se também o papel da mulher em diversos locais do mundo, e chegou-se à conclusão que a libertação em determinadas zonas do mapa seria bem mais complicada do que em outros locais.
Aliás, ainda hoje a mulher continua aprisionada como é o caso do Afeganistão, onde a mulher é tratada de forma repugnante. Mas, os limites da liberdade entre homens e mulheres nunca foram idênticos, e essa é uma realidade que não podemos ignorar!
Ainda que de uma forma camuflada, a discriminação à mulher a determinados cargos políticos e laborais, à esfera sexual, aos prazeres sociais, à sua beleza e cuidado do corpo, continuava a ser uma meia verdade, mesmo com a expansão daquilo a que chamaram de movimento feminista.
As informações médicas relativamente ao corpo feminino eram escassas, conceitos como menstruação, gravidez ou menopausa eram ainda pouco explorados, e a mulher acabava por não se precaver, nem compreender muitas das transformações físicas e psicológicas que ocorriam em si.
A própria existência de critérios relacionados com o desempenho sexual de homem e mulher foi outro ponto a debater, uma vez que ao homem foi sempre atribuído um papel activo e à mulher uma função passiva.
O facto do homem ter mais do que mulher era visto como uma indício de masculinidade, mas à mulher era automaticamente colocado um rótulo de promiscuidade.
Em todas as áreas que fazem parte do quotidiano, notava-se sempre uma discriminação do papel da mulher: na comunicação, artes, literatura, publicidade, no trabalho e no próprio dia a dia. No campo laboral, muitos eram ainda os cargos destinados somente às mulheres, enquanto que o homem podia gozar de uma diversidade de funções laborais.
A ideia de “trabalho de mulher” e “trabalho de homem” foi-se desmistificando aos poucos, mas ainda hoje é possível encontrar-se essa distinção. Actualmente, o trabalho doméstico é ainda uma função que compete à mulher, enquanto que o homem resume-se a trabalhar fora de casa.
Neste campo, notaram-se ligeiras diferenças, uma vez que em alguns casos o homem já ajuda a mulher, mas encontrar homens que desenvolvam sozinhos o trabalho doméstico é mera utopia, enquanto que o contrário ainda continua a existir em grande número.
No final do século XX, mais precisamente em meados dos anos 80, todas estas pequenas revoluções ganharam outro significado. As mulheres têm vindo a ganhar território em muitas áreas, mas ainda não o suficiente para que se possa afirmar que existe uma igualdade entre sexos.
Aliás, o acertado seria não haver uma distinção de sexos, mas sim afirmar-se, de uma vez, a ideia de que existe um único ser, quer seja homem ou mulher, com os mesmo deveres e direitos. E, se chegámos até aqui, talvez seja possível atingir esse patamar. Afinal, as utopias, por vezes, tornam-se doces realidades!