Quem era o místico São Cipriano?
Um santo, um feiticeiro, ou um bruxo na pior acepção da palavra? O que esconde o livro de São Cipriano? Conheça um pouco da história de um dos nomes mais míticos da fé.
Tascius Caecilius Cyprianus, conhecido popularmente pelo Feiticeiro, nasceu na cidade de Antióquia, algures entre a Síria e a antiga Arábia. Foi enviado para o sacerdócio dos deuses pelos seus pais, e lá aprendeu toda a lei do sacrifício e da arte de idolatrar algo/alguém. Do seu currículo contam-se inúmeros trabalhos teológicos, muitos deles de valor reconhecido. Porém, uma viagem à Babilónia com o intuito de aprender astrologia e numerologia, levou-o para os caminhos misteriosos da magia. Foi por esta altura, já após ter completado os 30 anos, que Cipriano tenta o contacto com os demónios!
Livro de São Cipriano
Nas bancas é possível encontrar o famoso livro de São Cipriano. E quem nunca ouviu falar dele?
Ainda assim, é de salientar a existência de dois livros: um que ensina magia preta ou branca, para além de todas as artimanhas ligadas à sorte, e outro, contendo orações de amor, podendo lá encontrar-se orações inofensivas, outras maléficas, e algumas verdadeiramente repugnantes. Cipriano apurou a sua malvadez, o sarcasmo, e aproveitou-se desse facto para estudar a magia, tanto a mais ingénua como a mais fatal possível. O objectivo foi sempre entrar em contacto com os demónios, e conseguir ter com eles uma relação de proximidade.
A par deste método de estudo que Cipriano desenvolveu na Babilónia, é ainda de realçar a vida que o mesmo fazia por lá: imprópria, escandalosa, sempre muito longe das bases que regem um homem da fé.
A vida de Cipriano começou a afundar-se cada vez mais, à medida que tentava estabelecer contacto com os demónios, através de diversas magias. Eusébio, antigo companheiro de estudos, tentou ainda tentar salvar Cipriano, mas este apenas desprezava a sua ideologia. Cipriano, completamente dominado pela bruxaria, chegou mesmo a desprezar a lei cristã, ridicularizando-a ao máximo, e chegando a unir-se, mais tarde, aos bárbaros, para obrigar os cristãos a renunciar a Jesus Cristo.
História de São Cipriano
Uma história que se conhece acerca de São Cipriano é aquela que fala de Justina e Adelaide. Foi esta a história responsável pela conversão de Cipriano. Justina era bela e rica, jovem totalmente entregue à fé cristã. Um rapaz chamado Adelaide ficou encantado por ela desde a primeira vez que a viu, e apesar dos seus pais concederem a mão da filha ao jovem, Justina não concordou casar com ele. Foi nessa altura que Adelaide procurou Cipriano, recorrendo este aos métodos mais diabólicos para conquistar a jovem. Inúmeros fantasmas começaram a atormentar Justina, mas esta conseguiu salvar-se de todos os malefícios de Cipriano.
Este episódio originou uma enorme disputa entre Cipriano e o demónio que havia contactado para o ajudar, chegando o demónio a apoderar-se do corpo de Cipriano. Porém, o demónio foi logo obrigado a sair graças ao poderes de Jesus Cristo, que o defendeu na altura.
Conta-se que Cipriano procurou de imediato o seu amigo Eusébio, reconhecendo todos os seus erros e a força da cristandade. Desta forma, Cipriano empenhou-se numa grande batalha para conseguir vencer as tentações do Diabo, que o avisaram desde logo que Cipriano teria um lugar no Inferno por os ter abandonado. Cipriano viria a queimar todos os seus livros de magia, deu tudo aos pobres, e ingressou no grupo de catecúmenos. Cipriano viria também, posteriormente, a ser baptizado pelo Bispo, e ser considerado um santo por muitos graças à sua entrega.
A sua conversão à fé foi tanta que, tempos depois, Cipriano e Justina foram presos, e vítimas de diversos horrores, talvez por inveja daqueles que tanto apregoavam a fé. Atirados para um caldeirão de alcatrão, banha e cera a ferver, Cipriano e Justina limitaram-se a permanecer serenos. Como os dois mártires não sofreram, Diocliciano, um das pessoas detentoras de maior poder, ordenou que ambos fossem degolados, no dia 26 de Setembro, nas margens do rio Galo.
A vida do feiticeiro, bruxo, e astrólogo Cipriano foi repleta de avanços e recuos no que compete à fé e religião. De feiticeiro ele passou a Santo, protagonizando acções dignas de uma pessoa com este título, e realizou autênticos milagres. Para trás ficaram as magias, rezas, o sofrimento, e o contacto com os demónios que levou Cipriano a cometer as maiores loucuras.
Não se sabe se seguiu para o inferno ou não, mas apenas que a vida de Cipriano originou sempre muita discussão e controvérsia. Para que perceba até que ponto podia ir a perversidade deste homem, fique a conhecer uma oração sua. Esta oração deve ser rezada com uma vela acesa e uma faca de ponta nas mãos, colocando o nome da pessoa no lugar de ‘fulano’. Esta é uma das tais orações que pode ser usada para fazer bem ou mal, dependendo da intenção de quem recorre a ela.
Oração de São Cipriano
Oração da Cabra Preta
Cabra Preta milagrosa que pelo monte subiu, trazei-me ‘fulano’, que de minha mão sumiu. Fulano, assim como o galo canta, o burro relincha, o sino toca e a cabra berra. Assim tu hás de andar atrás de mim.
Assim como Caifaz, Satanás, Ferrabraz e o Maioral do inferno que fazem todos se dominar, fazei ‘fulano’ se dominar, para me trazer cordeiro, preso debaixo de meu pé esquerdo.
‘Fulano’, dinheiro na tua e na minha mão não hão-de faltar, com sede tu nem eu haveremos de acabar, de tiro e faca tu nem eu há-de pegar, meus inimigos não hão-de me enxergar.
A luta vencerei com a oração da Cabra Preta milagrosa. ‘Fulano’, com dois eu te vejo, com três eu te prendo com Caifaz, Satanás, Ferrabraz