As mais atingidas são as mulheres, embora a Incontinência Urinária afecte também o sexo masculino. O problema é geralmente escondido e a maior parte das pessoas não procura tratamento nem ajuda profissional.
Incontinência urinária
A verdade é que, ao contrário do que muitos julgam, a cura para a Incontinência Urinária é mais fácil do que parece e não tem, na maior parte dos casos, que passar por medicamentos ou cirurgia. 75% dos casos podem ser curados apenas com acompanhamento de fisioterapia e os restantes beneficiam de melhorias visíveis e imediatas.
O alerta é da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas que quer informar a população sobre as causas e o tratamento que pode devolver a qualidade de vida a milhares de pessoas.
A Incontinência Urinária é a perda involuntária de urina pela uretra, que pode estar associada a situações de esforço como tossir, espirrar ou rir. Em Portugal estima-se que afete cerca de 600 mil pessoas, das quais cerca de 85% serão mulheres, de todas as faixas etárias.
De acordo com Fátima Sancho, presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia da Saúde da Mulher, organismo da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, “Este problema pode surgir em qualquer faixa etária sendo mais frequente em determinadas alturas da vida da mulher como a gravidez, após o parto, na menopausa e na terceira idade.”.
As alterações hormonais sentidas nas várias fases da vida da mulher e especialmente na menopausa são também outro dos factores que podem originar toda uma alteração do organismo e facilitar o aparecimento da incontinência urinária e fecal.
No entanto, assumir que este é um problema exclusivamente feminino é um erro: “De facto percentualmente as mulheres são mais afectadas que o homem por todas as intercorrências específicas da condição feminina.
No entanto cada vez mais começamos a ver homens que após a sua cirurgia à prostata ficam com incontinência. Esta é uma situação que perturba muitíssimo a maioria dos homens só pelo simples facto de ter de usar pensos ou fraldas.
A maioria das incontinências que surgem após as prostactetomias são reversíveis ao fim de um ano. No entanto esta situação poderia ser acelerada se o homem soubesse como pode ajudar na sua recuperação através de simples exercícios dos músculos do pavimento pélvico e alguns cuidados”, explica Fátima Sancho.
Fisioterapia: Tratamento de primeira linha
Uma das principais razões da incontinência urinária de esforço tem a ver com o enfraquecimento dos músculos do pavimento pélvico. “Estes músculos encontram-se na base da bacia e são eles um dos principais responsáveis pelo encerramento da uretra, da vagina e do ânus. Ao longo da vida estes músculos são sujeitos a várias situações que podem levar a um seu enfraquecimento.
Após uma primeira avaliação o fisioterapeuta ajuda o utente a identificar os seus músculos do pavimento pélvico, ensina-o a executar uma correcta contracção dos mesmos e estabelece um plano individual de treino específico para os músculos do pavimento pélvico.
“No final de contas os músculos do pavimento pélvico são músculos como quaisquer outros e, se forem devidamente treinados, podem readquirir força e competências para poder aguentar a pressão da bexiga durante os esforços sem permitir perdas de urina.
Paralelamente a este treino muscular há toda uma panóplia de ensinamento que ajuda o doente a retreinar a sua bexiga, a fazer algumas alterações nos seus hábitos alimentares, higiene e de micção”.
Este problema afecta directamente a qualidade de vida de milhares de homens e mulheres e é muitas vezes vivido em segredo: “O problema é que a maior parte das pessoas não recorre a nenhuma forma de tratamento, nem sequer fala da sua situação e quando fala a tendência é ou dar medicamentos ou a cirurgia”, alerta a responsável da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas.
Tratamento da doença
Segundo as guidelines do tratamento da Incontinência urinária a primeira aposta no tratamento deveria ser um tratamento conservador, ou seja todo aquele que não inclui medicação ou cirurgia.
A Fisioterapia deveria ser sempre o tratamento de 1ª escolha antes de qualquer outra abordagem por várias razões:
- Primeiro porque se sabe que 75% das pessoas com IU de esforço ficam curadas só com fisioterapia
- Não apresenta qualquer inconveniente para o doente
- Não tem efeitos secundários
- Não impede futuras ações caso sejam necessárias
- Envolve o doente no seu tratamento e ajuda-o a melhor conhecer o seu corpo
Os resultados surgem rapidamente e a qualidade de vida do doente melhora drasticamente: “No caso da Incontinência que surge quando é feito um esforço como o espirro ou a tosse, as pessoas aprendem desde logo estratégias que ajudem a evitar perder urina nessas alturas e habitualmente ao fim de 3 a 4 semanas há melhoras significativas não só sentidas pelo doente como por testes que fazemos e que são muito objectivos.
No entanto precisamos de alguns meses (4 a 5 meses) para termos taxas de cura na ordem dos 75% nas incontinências por esforço.
No outro tipo de incontinências como seja a incontinência por imperiosidade que se manifesta por um desejo súbito de urinar e que se a pessoa não for logo ao WC acaba por perder urina, o tipo de abordagem já terá de ser outro mas conseguimos ter resultados muito satisfatórios ao fim de 2 a 3 meses”.
Por esta razão, Fátima Sancho aconselha quem sofre de incontinência urinária a encarar o fisioterapeuta como “o profissional que a pode ajudar a resolver esta situação sem quaisquer riscos, e não impedindo futuras abordagens no caso de serem necessárias. Não deixe de procurar ajuda junto de um fisioterapeuta habilitado nesta área”.