A época de Quaresma começa na Quarta-feira de cinzas, dia a seguir ao Carnaval e que encerra esta época festiva de tradições pagãs. Nesta altura, e após ter-se enterrado o Entrudo, as igrejas começam a encher-se de fiéis em homenagem ao Cristianismo.
Na verdade, as cinzas são um dos símbolos mais significativos da religião cristã, e simbolizam uma espécie de necessidade de mudança, a certeza de que nelas se vai encontrar um novo rumo e esquecer coisas passadas.
Período da quaresma
O início da Quaresma inicia-se exatamente com todo este ritual e misticismo em volta das cinzas. Tradicionalmente, as cinzas são feitas com a queima dos ramos do Domingo de Ramos do ano anterior, e as pessoas que procuram as cinzas têm somente um único objectivo: tentar unir-se a Jesus Cristo, para que encontrem a salvação e libertação pela qual ansiavam.
Este é um dos sentidos que pode ser atribuído às cinzas, mas há apenas quem cumpra este ritual por uma questão de respeito e sem qualquer desejo adjacente.
A Quaresma funciona como uma época de reflexão para os devotos da Igreja. É nesta altura que se apela por uma mudança, mas para tal é necessário perceber os erros e os defeitos nesse estado de consciência espiritual que é a Quaresma.
É por altura do início e fim da Quaresma que se realizam procissões e atividades, inseridas em tradições antigas, em muitas aldeias e vilas espalhadas pelo nosso país.
O Domingo de Ramos
O Domingo de Ramos, por exemplo, é um pequeno cortejo no qual as pessoas levam ramos de oliveira, loureiro ou alecrim. Após a missa do meio dia, os ditos ramos são benzidos. De seguida, os ramos vão-se queimando em casa para afastar os maus espíritos, agoiros, desgraças, catástrofes, maus olhados, entre tantos outros males.
O Domingo de Páscoa
No Domingo de Páscoa é tradição em muitas zonas do país ser feita uma limpeza geral às casas, caiam-se as paredes, confeccionam-se bolos e doces, almoçando toda a família junta.
Nesse Domingo, pela manhã, é comum a Igreja estar completamente cheia de fiéis realizando-se, em algumas aldeias e vilas, procissões. Após o almoço, o padre da paróquia faz visita às famílias, chegando algumas delas a colocar flores à entrada da porta ou no chão dando as boas vindas à entidade máxima da igreja local.
A segunda-feira de Páscoa
A Segunda-feira de Páscoa é ainda hoje celebrada em muitos locais de Portugal. As pessoas levantam-se de manhã cedo, preparam comida, e partem para o campo. Toda a vila ou aldeia está reunida no campo, num piquenique conjunto, a beber, cantar e comer, e nesse dia é quase impossível encontrar algum estabelecimento aberto.
O feriado é decretado pelos populares e tudo está encerrado na Segunda-feira, abrindo apenas os cafés ou tabernas depois de jantar.
A Quaresma é assim um tempo de reflexão, meditação, silêncio, época na qual são evitados os luxos, a carne, especialmente na semana que antecede a Páscoa ou somente na Sexta-feira Santa, em sinal de penitência por todos os pecados cometidos. Mas, este tempo de Quaresma termina em festa, em união do povo, e de transformação da vida de cada um.
A Páscoa é, por isso mesmo, o momento da salvação, da libertação e mudança, em que há uma reconciliação com os outros, com o mundo, e com nós mesmos.
Enquanto durar esta época de Quaresma, a ordem é para meditar e reflectir. Abstrairmo-nos de coisas supérfluas e pensarmos um pouco melhor sobre o que nos rodeia, quer sejamos ou não crentes. Quando a Páscoa trouxer com ela o findar deste período de reflexão, as coisas parecer-lhe-ão muito mais belas e valiosas.